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OMS prevê controle do ebola nos próximos 3 meses

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Diretor regional da organização, Luís Sambo afirmou que faltaram recursos para controlar epidemia no início. Brasil estuda aumentar ajuda aos países afetados

O diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África, Luís Sambo, afirmou nesta terça-feira (7) em Portugal que a epidemia de ebola “está se espalhando mais depressa”, mas admitiu a possibilidade de o problema ser controlado nos próximos três meses. O responsável da OMS para África falava no Porto em conferência sobre a epidemia de ebola que atinge a África ocidental e que já chegou à Europa e aos EUA.


“A epidemia já afetou um total de 7,5 mil pessoas, é difícil fazer previsões, mas pensamos que nos próximos 90 dias possamos inverter a tendência da epidemia e, eventualmente, controlá-la. Mas são previsões, é muito difícil dar certezas ou estabelecer prazos com exatidão”, disse Luís Sambo.


A ministra da Saúde espanhola, Ana Mato, convocou uma reunião de urgência com todos os responsáveis regionais de saúde para analisar a situação provocada pelo contágio com ebola de uma auxiliar de enfermagem em Madrid. Foram chamados todos os diretores de saúde das regiões autônomas espanholas para discutir como está a situação, depois de constatado o primeiro caso de contágio com o vírus ebola fora de África.

A auxiliar da enfermagem espanhola está isolada no Hospital Carlos III, em Madrid, onde contraiu o vírus. Fontes médicas confirmaram que a enfermeira está com febre, mas “estável”. Está internada na ala do hospital que atendeu aos dois missionários espanhóis que contraíram ebola na África. Eles morreram.

Falta financiamento
Sambo disse ainda que a OMS “não tem o financiamento que deveria ter para intervir no caso de epidemias, por exemplo, na África”. Em declaração aos jornalistas, ao fim de uma conferência sobre a epidemia provocada pelo vírus ebola, na Universidade do Porto, ele admitiu que “se tivesse existido uma intervenção forte desde o início, as hipóteses de contenção teriam sido muito maiores”.

“Infelizmente, a vigilância não funcionou na aldeia em questão [Guiné-Conacri] e fomos surpreendidos pela epidemia”, disse, explicando que, neste momento, os países mais afetados são a Libéria e Serra Leoa. Luís Sambo lembrou que a epidemia eclodiu “em um meio muito pobre onde não existiam e não existem os meios para atender problemas de rotina e de saúde. E, sobretudo, problemas extraordinários, como é o caso de uma epidemia”.

É uma situação que “exige meios especiais técnicos e tecnológicos que não estavam disponíveis, a começar pelo próprio sistema de vigilância de doenças da Guiné. O sistema de vigilância não funcionou em nível local, portanto houve uma apatia durante os primeiros meses de epidemia, que começou em dezembro e foi declarada no mês de março”, disse.

“Logo que tivemos a informação, agimos, só que infelizmente esta epidemia é muito especial e está se propagando de forma muito rápida, afetando muitos países ao mesmo tempo, inclusive as capitais, e há forte risco de propagação em nível mundial”, acrescentou.

Ele disse ainda que a OMS está “mobilizando as instituições de pesquisa médica no mundo para que acelerem os esforços” a fim de encontrar um medicamento que impeça o avanço da doença. Até agora, esses esforços têm sido “insuficientes”, afirmou.

“Temos alguns produtos, candidatos a vacinas, que estão sendo testados, e também alguns medicamentos experimentais que estão em fase de investigação. Mas temos esperança de que com a aceleração desse trabalho de investigação e as necessidades que são prementes, o processo possa evoluir rapidamente e sem prejuízo para a qualidade dos produtos que serão produzidos daqui a algum tempo”, destacou.

Sambo admitiu que, “no próximo ano, poderá haver novidades”.

Ajuda brasileira
Grupo de trabalho do governo do Brasil discute ajuda humanitária adicional do Estado a países africanos afetados pelo vírus ebola. A ajuda deve ser definida nos próximos dias e atenderá a demanda feita à presidente Dilma Rousseff pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.

O pedido da ONU abrange equipamentos, alimentos e recursos financeiros. Nesta terça, os ministros da Saúde, Relações Exteriores e Defesa se reuniram a pedido da presidente para tratar do assunto.

Ao longo desta semana, as equipes técnicas dos ministérios vão discutir as contribuições que possam atender à demanda da ONU. As opções serão apresentadas à presidente Dilma, segundo o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, embaixador Antônio Tabajara.

Participaram da reunião o ministro da Saúde, Arthur Chioro, das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, e da Defesa, Celso Amorim, além de um representante da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Por meio de uma ação de cooperação com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil já fez doação de kits com remédios e insumos básicos de saúde para tratamento do vírus ebola em hospitais para a Libéria, Serra Leoa e Guiné e de recursos financeiros.