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Incorporar geração Y não precisa ser complicado

Article-Incorporar geração Y não precisa ser complicado

Caminho pode estar na igualdade de oportunidades e na compreensão das expectativas

Atender as expectativas dos colaboradores, de modo a retê-los e torná-los mais satisfeitos com a empresa e com as perspectivas de crescimento por ela oferecidas, é um componente fundamental da gestão de pessoas. Um local de trabalho agradável e produtivo ajuda na retenção e na atração de novos talentos, como bem mostram quaisquer dos muitos estudos feitos pelo Great Places to Work. Há, no entanto, um grande desafio já bastante discutido: a emersão da chamada Geração Y, hiperconectada, ansiosa por crescimento, pautada em encontrar na companhia a identificação de sua própria visão de mundo.
Principalmente em um segmento com categorias profissionais de perfis tão distintos, na Saúde as melhores empresas para trabalhar devem se preocupar em criar condições para a colaboração entre funcionários jovens e maduros de forma igualitária. Segundo o estudo GPTW Saúde 2013, os profissionais das empresas premiadas são mais velhos que a média das laureadas brasileiras: 42% deles tem mais de 35 anos, enquanto na lista nacional são 32%.
Será então que lidar com a Geração Y é realmente um grande desafio para as empresas do segmento de Saúde? Surpreendentemente, a maioria dos gestores dirá ?não?. O segredo, garantem, é promover um clima de aceitação e compreensão da diversidade de expectativas.
?Dentro do Zambon não discutimos muito essa questão. É natural que as pessoas sejam vistas como indivíduos com personalidades diferentes, e para isso a gente trabalha com as ferramentas de flexibilidade e gestão?, explica Talita Cordeiro, gerente de recursos humanos do Zambon, empresa em que mais de 50% dos funcionários tem mais do que 35 anos. ?O gestor é a melhor pessoa para entender a necessidade individual, independente da geração.?
Para ela é possível atrair e reter apostando na conversa. O Zambon, por exemplo, utiliza uma ferramenta chamada Diálogo de Orientação de Desempenho, no qual o gestor direto se torna o canal entre a empresa e as ânsias de cada colaborador, que pode se autoavaliar e opinar a respeito do próprio desempenho, dos pontos a desenvolver e dos objetivos ? um dos calcanhares de Aquiles quando o assunto é satisfação dentro das empresas.
No caso do laboratório farmacêutico, há ainda um outro fator particular, explica Talita: o tamanho da empresa. Se por um lado é possível ir ao encontro das ânsias imediatistas da Geração Y, por outro é comum a contratação de ?gente com idade mais avançada, pela possibilidade de trabalho mais autônomo?, diz. Conferir liberdade em uma empresa pequena significa oportunidade de trabalhar mais próximo com os diretores, o que é também bastante valorizado.
Talita fala com propriedade: terminou em 2012 um mestrado cujo tema era exatamente o perfil das carreiras mais escolhidas pelos ípsilons. Para ela, muito embora o tema seja recorrente no Brasil, EUA e países da Europa já se preocupam em manter as pessoas mais tempo no mercado de trabalho, diante da perspectiva do envelhecimento da mão de obra ? assunto que deve chegar muito em breve ao País.
?Temos colaboradores no [departamento de] RH com mais de 30 anos de casa. Isto é um patrimônio incrível. É impressionante o valor de ter essas pessoas?, exclama Talita. E há uma bela retribuição por tanto tempo dedicado. ?Temos um programa de bodas, que homenageia quem tem 30 anos de empresa com uma viagem com acompanhante para a Itália [sede da matriz da companhia], para comemorar.?
Passo a passo
Esta aparente naturalidade encontrada pelo setor de saúde na recepção da Geração Y não é necessariamente fácil. Na 4Bio Medicamentos, por exemplo, 74% dos funcionários possuem menos de 35 anos, o que pode ser um desafio. ?Pessoas novas têm muita agitação, querem crescer de forma rápida. Nós retemos bastante, mas também já perdemos muitos. Temos dificuldades?, pondera o presidente da empresa, André Kina.
Apesar disso, a 4Bio está na lista das Melhores Empresas para Trabalhar da Saúde. Solução? ?Tentamos fazer com que se sintam desafiados. Mostrar que se tiverem competência, o ajudaremos a realizar seus sonhos?, responde Kina.
Bianca Strattner, vice-presidente da H.Strattner, concorda que incluir os mais jovens não é tarefa simples. No entanto, outra vez o tamanho reduzido ? a empresa terminou 2012 com 263 funcionários ? e o perfil mais longevo ? 49% acima dos 35 anos ? facilitam o trabalho dos gestores de recursos humanos.
A H. Strattner, por ser uma empresa familiar, ?respeita muito o colaborador mais antigo?, explica Bia, mas sem dispensar a ?necessária oxigenação?. E ela inclui mais um mandamento sobre a questão: ?tentamos fazer com que eles trabalhem em conjunto. Os dois são complementares, embora nem sempre a convivência seja fácil?. Workshops de integração foi a solução encontrada pelo RH da empresa, de forma a incentivar o trabalho destas ?equipes mistas?.
Grandes lições
Um indicativo importante entre as empresas premiadas pelo Great Place to Work na área de saúde é que elas são mais atrativas. Em média, são 113 candidatos para cada vaga aberta, 24% mais que as da lista nacional, com 91 candidatos por posição. Boa parte destes profissionais está de olho nos fatores de retenção apontados por quem já está nestas companhias: para 41%, a oportunidade de crescimento é o maior deles, seguido por qualidade de vida (26%), alinhamento de valores (16%) e só então a remuneração e os benefícios (14%).
Sabendo que essas expectativas variam conforme a idade dos candidatos e funcionários, a Novartis atua em várias frentes. Um exemplo: quando a multinacional resolveu adotar tablets no Brasil para promoção de produtos, foi necessário treinar os colaboradores de maneiras distintas. ?É lógico que para um jovem aquilo era arroz com feijão?, explica Adib Jacob, presidente da Novatis no Brasil. ?Já para os mais velhos não era tão óbvio.?
A solução, explica o executivo, foi investir em treinamento, mas com diferentes níveis de exigência. ?Não obrigamos uma pessoa mais velha a ter a mesma rapidez para dominar o equipamento que um garoto. Auxiliamos cada faixa etária a desenvolver seu trabalho da melhor forma?, diz. Atualmente, quase 15% dos trabalhadores da Novartis no Brasil têm menos de 25 anos.
Para a farmacêutica, é melhor remar a favor da maré. Os jovens, que ?querem ocupar o meu lugar em cinco anos?, diz risonho o presidente da companhia, tem à disposição um programa de futuros gerentes que inclui noções avançadas de gestão, tecnologia, mercado. O que não significa, claro, que apenas os mais novos tenham chance de crescimento.
?O importante é não ter baias e oferecer as mesmas oportunidades para todos. Convivemos bastante bem assim, somos uma empresa equilibrada: quando precisamos de experiência, temos; quando precisamos de jovialidade, temos também?, defende o executivo da farmacêutica.
A expectativa é simples e se assemelha a de pequenas empresas, apesar de a farmacêutica superar 1,2 mil funcionários: que cada geração tire vantagem dos pontos positivos da outra. ?Equipes de alta performance precisam ter equilíbrio de idade, gênero e background sociocultural.?