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A importância do Triple Aim

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Desde que o Instituto de Melhoria da Saúde (IHI) desenvolveu o conceito de Triple Aim, na década de 80, o setor de saúde está trabalhando para encontrar o tão desejado equilíbrio entre seus três pilares. A ideia é melhorar a experiência do paciente, a saúde populacional e reduzir custos per capita. O foco deste modelo é guiar os líderes na abordagem de otimização de desempenho no sistema de saúde.

O Triple Aim é um modelo integrado, no qual cada ponta do tripé influencia a outra. Por exemplo, vivemos a tendência do aumento na expectativa de vida, o que estatisticamente resulta em uma maior incidência de doenças crônicas na população. Levando em consideração o avanço da tecnologia, podemos otimizar tratamentos, melhorando a qualidade e conforto para o paciente. Isso com certeza resultará em um impacto econômico.

O método é fortemente dependente da sinergia e política desenvolvida entre os participantes do sistema: operadoras, provedores, corpo clínico e pacientes. Não há lógica quando provedores recebem incentivos quanto maior a quantidade de interações realizadas, operadoras buscam a redução da sinistralidade, corpo clínico busca diminuir a permanência dos pacientes, enquanto os últimos não tem responsabilidade nenhuma sobre a sua saúde ou a do sistema. Ou seja, há um desalinhamento de interesses.

Atualmente, não há respostas sobre como atingir um equilíbrio perfeito entre todas as partes interessadas. Porém, quando colocamos pequenos processos em prática, já obtemos resultados significativos.

Um estudo americano mostrou que 40% dos pacientes dispensados por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) são readmitidos em 90 dias. Ressaltamos que a ICC é a maior causa de admissão em hospitais americanos, e, segundo a investigação, poderia ser reduzida em mais de 80% com o gerenciamento adequado dos pacientes.

Claro que há uma imensa diferença entre o modelo de saúde no Brasil e outros países, principalmente na visão do setor de saúde como negócio. Se compararmos o gasto em saúde dos países desenvolvidos e emergentes notamos um dado interessante: um maior gasto em saúde não significa necessariamente melhor saúde. Os americanos gastam cerca de 17% do seu PIB, enquanto o Reino Unido e Brasil 9%. Sabemos que o PIB do UK é maior que o brasileiro, mas esse não pode ser o ponto central da discussão.

A política de saúde americana não garante universalidade a seus cidadãos. Os EUA possuem um dos sistemas mais caros do mundo, e não possuem indicadores de saúde entre os melhores, mas, em contrapartida, há qualidade no tratamento, especialmente de condições que dependam de alta tecnologia. Do outro lado do Atlântico, está o Reino Unido, que possui um sistema de certo modo eficiente em custos e qualidade, mas com sua acessibilidade controlada. Nesse modelo existem barreiras que filtram o fluxo de pacientes, direcionando-os para médicos generalistas que observam com atenção procedimentos e recomendação de especialistas.

Enquanto isso, no Brasil temos o SUS, que trabalha com o princípio de equidade e livre acesso. O sistema, por ser baseado em oferta, acaba gerando a sua própria demanda e um aumento de custos, sem que seja agregado um valor proporcional. Na verdade, não necessariamente se gasta pouco com saúde, se gasta mal.

Em 2030, entre 20% e 25% do PIB brasileiro será gasto em saúde. Se não houver planejamento e otimização da assistência, não haverá melhoria na experiência do paciente, nem redução dos custos, e nem saúde populacional. Ainda que com a crescente tecnologia.

Pode-se destacar o papel da medicina preventiva nesse cenário. De acordo com a OMS, a medicina defensiva é muito mais dispendiosa do que ações de prevenção. A maior fonte de gastos é com procedimentos invasivos e a execução descontrolada de exames médicos sem evidências de que o tratamento escolhido seja o mais apropriado para o paciente – ou simplesmente desnecessários. Mas como fazer essa interação e utilizar a estratégia do Triple Aim da melhor forma? Uma das formas é promovendo engajamento nos pacientes com foco na atenção primária.

Em engajamento também podemos citar a experiência do profissional de saúde, ou seja, a necessidade do prestador sentir que seu trabalho é necessário e valorizado. Essa nova corrente é conhecida como Quadruple Aim, pela adição de um pilar ao Triple Aim.

Em resumo, será muito difícil alcançar o balanço do Triple Aim deixando toda a expectativa nas mãos do governo. É fundamental a mudança de mentalidade e atitude da população com os seus próprios cuidados. Dito isso, a transformação requer uma melhoria contínua, e aprendizado entre todos os participantes do sistema, buscando melhorar a saúde das pessoas e do sistema de saúde como um todo.