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Governança corporativa: primeiro passo para a sustentabilidade

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- Francisco Yukio | IT Mídia
Debate entre Anahp, Fleury e Lanakaná ressaltou importância de buscar transparência, qualidade e responsabilidade social na busca de uma relação mais equilibrada com o ambiente e, claro, a população

Começar pela governança: o mandamento não vale apenas para empresas interessadas em ampliarem faturamento, aprimorarem a gestão ou aumentarem a lucratividade, mas cai também como uma luva para as interessadas em tornarem-se mais sustentáveis. É o que revelou o debate “Agente Transformador”, realizado nesta quinta-feira (18) durante o Saúde Business Forum 2014, e cujo foco estava no aumento da consciência do setor a respeito da responsabilidade socioambiental.

“É um tema novo na área de saúde”, explicou Rodrigo Henriques, sócio-diretor da consultoria Lanakaná Princípios Sustentáveis. “É impossível não falar de governança corporativa, falar de transparência. As empresas que começam pela governança obtêm mais sucesso.”

Segundo o consultor, certificações na área não se tratam apenas de atender exigências de bancos por relatórios de sustentabilidade para concessão de empréstimos (como já é o caso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, por exemplo, ou de instituições financeiras europeias). “É possível obter retorno no primeiro ano, já há instrumentos pra isso”, assegura Henriques, mas com uma ressalva. “Muitas empresas falam que é importante, mas não incluem [responsabilidade socioambiental] no plano estratégico.”

A questão é tão premente que o conjunto dos mais importantes hospitais privados do Brasil reconhece uma necessidade. Explica-se: a Associação Nacional de Hospitais Privados, a Anahp, instituiu recentemente um grupo específico para discutir sustentabilidade em seus hospitais membros. O resultado deste trabalho deve ser incluído no Observatório Anahp, mais especificamente em um painel de indicadores de sustentabilidade e iniciativas “verdes”.

“Estamos transformando a questão da governança corporativa”, explica o presidente do conselho de administração da entidade, Francisco Balestrin. “Há a questão da transparência, da equidade, da apresentação dos dados de sustentabilidade. A finalidade é transferir [esses conceitos] para nossas empresas.”

Segundo o executivo do setor, muitas instituições de saúde brasileiro já se conscientizaram da importância de ter conselhos administrativos e de administração, primeiro passo para implementar um novo modelo de gestão, que profissionalize as instituições de saúde a partir de um modelo organizado. “Tudo abaixo vem como se fosse chuva, tudo profissionaliza”, esquematiza.

“Cansamos de ouvir o mercado dizer que as instituições são mal organizadas, mal estruturadas, vendem OPME fora do preço etc... Se assim o é, vamos tratar em um ambiente de transparência, ética, equidade etc. Temos um grupo trabalhando com regras de compliance para que o mercado veja as instituições hospitalares da mesma forma que veem um banco”, sentencia.

Na prática
Mas então, qual é o primeiro passo? “É importante gerar indicadores”, ponderou Fernando Alberto, diretor executivo do Grupo Fleury, de medicina diagnóstica, uma das poucas empresas nacionais do setor de Saúde que publicam o relatório de sustentabilidade GRI (do inglês Global Reporting Initiative).

Atualmente, o Fleury gera pelo menos 1,4 toneladas de lixo infectantes por ano, mas o volume deste tipo de material foi encontrado em apenas um quarto de todos os resíduos “produzidos” pela rede. “A gente mede um quarto disso, 75% ainda não. Existem uma série de explicações para isso, como a aquisição de outras empresas etc, mas a meta é medir 100% até o fim deste ano.”

Em termos de emissões de dióxido de carbono (CO2), Aberto explica que a rede detectou a emissão de 4 mil toneladas em 2012, e de 11 mil em 2013, após uma adequação dos cálculos. Longe de causar constrangimento, os números traçam um plano de ação.

Admitindo o que chama de “ainda um monte de imperfeições em casa”, o executivo ressalta o papel transformador que a implantação deste tipo de transparência tem sobre a empresa. “A gente começa a ver que isso [a transparência] é uma demanda da sociedade”, pondera.