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ANS gastou com ela mesmo em 2019 mais que o SUS em Oftalmologia

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- Shutterstock

A cada ano o mercado da saúde vai aumentando em complexidade, e exigindo estruturas cada vez mais profissionalizadas para manter a sustentabilidade das empresas.

Os leigos tendem a pensar apenas na excessiva regulação da Saúde Suplementar (isso é fato) mas na verdade a profissionalização do setor e o crescente interesse de investidores, especialmente estrangeiros, em um dos segmentos da economia que mais movimentam recursos financeiros no mundo, são fatores que obrigam os atores envolvidos a se preocupar com a concorrência e a preservação da receita.

Para ilustrar o que ocorre com o segmento, vamos observar a evolução do número de vagas de apenas 7, dentre as dezenas de profissões existentes no cadastro do CNES, associadas aos estabelecimentos de saúde privados e públicos no Brasil:

·         Diretor Comercial;

·         Diretor de Marketing;

·         Gerente Comercial;

·         Gerente de Marketing;

·         Cirurgião Dentista Auditor;

·         Enfermeiro Auditor;

·         Auxiliar de Faturamento.

Contabilizaram 9.294 postos de trabalho em 2019 – com os conhecidos vieses da base de dados do CNES:

·         Na área da saúde é comum, em profissões de retaguarda administrativas e financeiras, o nome do cargo não corresponder exatamente ao que se pensa. Por exemplo:

o   Não se encontra analistas de contas médicas, analistas de glosas, e outras profissões bem conhecidas de quem é do ramo no cadastro CBO do Ministério do Trabalho;

o   Diretoria de marketing, diretoria comercial, gerencia de marketing ... são funções que podem estar associadas a um cargo com nome diferente – por exemplo: diretor administrativo;

o   Como no CNES existe a associação ao CBO, estas profissões acabam sendo enquadradas como auxiliar de faturamento, auxiliar administrativo, etc.

·         O cadastro do CNES só contém empresas do segmento da saúde:

o   Empresas que prestam serviços para a área da saúde, especialmente nesta área, mas não são estabelecimentos de saúde, não estão lá;

o   Uma infinidade de enfermeiros auditores, por exemplo, trabalham em empresas especializadas em auditoria de contas que não estão no CNES.

Então, evidentemente o número de vagas é muito maior que 9.294, mas para uma análise evolutiva os dados do CNES são muito adequados – os vieses não vão atrapalhar a análise.

Agrupando estas 7 profissões em 2 grupos (Diretores e Gerentes e Outros), os gráficos a seguir demonstram a evolução do número de vagas entre 2017 e 2019

Diretores e Gerentes no SUS:

·         Mesmo no SUS onde é “sacrilégio” falar sobre saúde como negócio, a evolução é significativa.

Diretores e Gerentes na Saúde Suplementar:

·         Na Saúde Suplementar, praticamente 100 % em apenas 2 anos !

As outras profissões no SUS:

·         Crescimento de 39,8 %.

E as outras profissões na Saúde Suplementar:

·         Crescimento de 34,9 %

Em todos os casos a evolução do número de vagas seria propaganda de qualquer candidato, se isso fosse em consequência de políticas públicas da área da saúde ... mas não é:

·         No SUS a profissionalização da administração está obrigando secretários a investir em profissões que vão em busca do dinheiro:

o   Não adianta esperar que o orçamento vá ser milagrosamente ajustado – não é assim que funciona;

o   Tem que ir em busca do recurso, tem que formalizar contratos de contratualização viáveis, tem que faturar corretamente, tem que faturar tudo que é possível, ou vai ficar sem dinheiro para comprar o que necessita, de que adianta ter médico se não tem dipirona para dar ao paciente?

·         Na Saúde Suplementar a concorrência está sendo acelerada pela entrada do capital estrangeiro e investidores nacionais e internacionais:

o   A maior medicina de grupo controlada por empresa estrangeira, a maior rede de clínicas oncológicas também;

o   Uma coisa simples (remuneração baseada em valor) está sendo até propositalmente sendo introduzida de maneira complexa, e trazendo muita insegurança para gestores comerciais, faturistas, auditores;

o   Então, estão cada vez mais sendo alocados profissionais que conhecem e sabem lidar com o mercado, se isso não é feito o risco de falência é real!

Este gráfico impressionante demonstra que das 7 profissões escolhidas para ilustras o tema, apenas uma (Cirurgião Dentista Auditor) teve crescimento pequeno:

·         Se é que se pode chamar 5,5 % em 2 anos de pequeno crescimento;

·         Todos os cargos de Diretor e Gerente tiveram crescimento impressionante de mais de 65%, em apenas 2 anos!

Enfermeiro auditor, uma profissão já muito bem estabelecida no mercado, em 2 anos evoluiu 26%.

Auxiliar de Faturamento, profissão mais antiga e estabelecida do que enfermeiro auditor, em 2 anos evoluiu 42%!

Como testemunho pessoal, posso garantir que a procura por cursos de especialização em gestão comercial do faturamento e de auditoria de contas hospitalares cresce a cada ano.

Sobre o autor

Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós Graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós Graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós Graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado