Como parte de suas comemorações de 25 anos de história, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) realizou uma pesquisa com 74 instituições certificadas, das quais 49 responderam. Os resultados reforçam a importância da acreditação na melhoria da segurança do paciente e na redução de falhas em diversas áreas do atendimento à saúde. 

Segurança do paciente 

A segurança do paciente é um dos pilares principais para o desenvolvimento dessa pesquisa, já que é essencial para minimizar danos, evitar complicações, aprimorar a qualidade do atendimento, aumentar a confiança dos usuários nos serviços de saúde e, consequentemente, reduzir custos. No Brasil, o Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar, do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), aponta que cinco pessoas morrem a cada minuto devido a erros médicos, totalizando cerca de 55 mil mortes anuais. 

Desde 2013, o Programa Nacional de Segurança do Paciente, do Ministério da Saúde, vem implementando protocolos fundamentais, como a identificação correta do paciente, cirurgia segura e prevenção de infecções, quedas e erros de medicação. Nesse contexto, Gilvane Lolato, gerente-geral de Operações da ONA, destacou que o registro de eventos adversos é indispensável para criar uma cultura de segurança. “Ao documentar e analisar cada ocorrência, as instituições podem identificar falhas, aprender com os erros e implementar medidas preventivas, fomentando um ambiente de transparência e aprendizado contínuo, onde a segurança do paciente é prioridade”, explicou. 

Avanços em áreas críticas após a acreditação 

Tendo em vista esse cenário crítico, as acreditações funcionam como uma segurança extra para o paciente. A pesquisa da ONA revelou avanços expressivos em diferentes áreas da assistência após a acreditação: 

  • Preenchimento de prontuários: 38,1% das instituições relataram melhorias acima de 31%. 
  • Cadeia medicamentosa e de suprimentos: 47,62% observaram uma redução superior a 31% nas falhas. 
  • Higienização: 38,1% relataram melhorias acima de 31% nos serviços. 

Gilvane também destacou o impacto da acreditação na melhoria dos desfechos assistenciais e na redução de desperdícios. Segundo ela, a padronização de processos promovida pela metodologia ONA organiza os fluxos de trabalho, o que resulta em maior eficiência operacional. 

Infecções hospitalares e quedas 

As infecções hospitalares permanecem um grande desafio. No Brasil, cerca de 14% dos pacientes internados adquirem infecções durante a hospitalização, resultando em aproximadamente 100 mil mortes anuais, segundo a OMS. Com a acreditação, 41,86% das instituições registraram reduções acima de 31% nos índices de infecção. 

Outro ponto crítico é a queda de pacientes durante a internação, com índices nacionais variando de 1,7 a 7,2 quedas por mil pacientes internados. A metodologia ONA contribuiu para que 32,56% das instituições reduzissem as quedas em mais de 31%. Lolato ressaltou que a metodologia se adapta a diferentes níveis de complexidade institucional, atendendo desde unidades básicas de saúde até grandes hospitais. 

Impacto na redução de erros de diagnóstico 

Os erros de diagnóstico, responsáveis por 16% dos danos evitáveis na saúde, representam um problema global, causando incapacidades permanentes ou morte em cerca de 12% dos casos. A pesquisa da ONA aponta que 33% das instituições acreditadas reduziram esses erros em mais de 31%. 

Lolato ainda mencionou a importância da acreditação para melhorar a precisão e o tempo de entrega de resultados de exames, além de aprimorar a comunicação entre equipes e reduzir falhas no agendamento e interpretação de exames. 

O cenário da acreditação no Brasil 

Das mais de 380 mil organizações de saúde cadastradas no país, apenas 0,45% possuem acreditação. A ONA é responsável por 72,1% das certificações, abrangendo mais de 1.400 instituições. Segundo Gilvane, “a acreditação é uma ferramenta estratégica para elevar os padrões de qualidade no Brasil, com reconhecimento internacional pela ISQua, consolidando a ONA como a terceira maior metodologia de acreditação no mundo em volume de certificações.” 

A gerente enfatizou ainda a diversidade de perfis das instituições acreditadas no Brasil, desde unidades de atenção primária até complexos hospitalares, e os resultados positivos que isso traz para a saúde pública e privada.