Nos últimos anos, o perfil dos tutores de pets no Brasil vem mudando rapidamente. Segundo dados de 2025 do DataFavela em parceria com o IBGE, 52% dos novos tutores de animais pertencem às classes C, D e E. Esse movimento representa uma verdadeira revolução no mercado pet — e um alerta para clínicas veterinárias que ainda não se adaptaram a essa nova realidade.

Enquanto o amor por cães e gatos cresce nas periferias e em áreas urbanas de renda intermediária, muitas clínicas continuam com foco quase exclusivo em serviços premium. Isso, por vezes, afasta uma crescente base de clientes que busca qualidade, mas possui um poder de compra mais limitado. O erro não está em oferecer excelência, mas em não adaptar o formato, a linguagem e o valor percebido para um público que também ama seus pets e está disposto a investir. Desde que identifique custo-benefício.

A boa notícia é que é totalmente possível oferecer serviços de qualidade com preços acessíveis e boa margem de lucro. Para isso, é preciso entender o novo público, repensar o modelo de atendimento e investir com estratégia.

Uma das soluções mais eficazes começa com uma estrutura de preços mais transparente e flexível. Em vez de pacotes fechados, que soam caros à primeira vista, vale apostar em serviços avulsos com valores claros, tabelas visíveis e planos mensais básicos que incluam o essencial — como consultas de rotina e vacinação. Essa abordagem torna o custo mais compreensível para o tutor, favorecendo decisões mais conscientes e o retorno à clínica.

Foque na prevenção para fidelizar e reduzir custos

É comum que tutores da classe C busquem atendimento apenas quando o pet já apresenta sintomas graves — o que gera mais sofrimento para o animal e gastos mais altos. Clínicas que se posicionam como parceiras da prevenção acabam fidelizando esses clientes e reduzindo os custos operacionais.

Orientações simples durante as consultas, check-ups acessíveis, cartilhas e até palestras rápidas são ferramentas poderosas para educar e fortalecer o vínculo com o tutor. Ao prevenir em vez de remediar, você cuida melhor dos pets e do seu negócio.

Reinvente o atendimento: mais agilidade, empatia e conexão local

Mais do que sofisticação, esse público valoriza acolhimento, clareza e eficiência. Agendamentos flexíveis, comunicação direta via WhatsApp e atendimento respeitoso fazem toda a diferença. O segredo está no equilíbrio entre profissionalismo e proximidade.

Algumas práticas que funcionam bem:

  • Consultas com hora marcada e possibilidade de encaixes rápidos;
  • Ambientes simples, mas sempre limpos, organizados e acolhedores;
  • Equipe treinada para se comunicar com empatia e linguagem acessível, com foco na solução.

Além disso, clínicas que se integram à comunidade local geram mais confiança. Parcerias com pet shops de bairro, ONGs, escolas e participação em eventos aumentam a visibilidade e reforçam a imagem da clínica como referência no cuidado animal da região.

Mutirões de vacinação, descontos para moradores ou campanhas de conscientização — como o outubro rosa pet — são ações acessíveis que aproximam o tutor da sua equipe.

Tenha presença digital, mas seja claro e próximo

A comunicação digital deve acompanhar essa transformação. A maior parte dos tutores da classe C está no Instagram e no Facebook. Por isso, criar conteúdos curtos, educativos e com linguagem acessível ajuda a fortalecer a confiança na sua marca.

Você não precisa investir alto em marketing, mas sim ser constante, autêntico e relevante. Quando feita corretamente, essa comunicação fideliza mais do que qualquer panfleto ou anúncio pago.

Modelos de atendimento comprovados que funcionam com a classe C

Várias clínicas que já entenderam esse novo cenário estão colhendo os frutos. Veja alguns formatos bem-sucedidos:

  • Atendimento popular com agendamento por bloco (ex: 5 consultas entre 9h e 10h);
  • Planos mensais com valor fixo (R$39 a R$79), incluindo consultas preventivas e descontos;
  • Campanhas temáticas e sazonais (vacinação, castração, campanhas educativas);
  • Programas de fidelidade com acúmulo de pontos por serviços utilizados.

A transformação do mercado pet não é uma ameaça — é uma oportunidade real de crescimento. Clínicas que compreenderem o potencial da classe C e se adaptarem com inteligência, mantendo a qualidade, estarão à frente nos próximos anos.

Preço justo não significa serviço inferior. Significa acesso. E acesso, quando bem trabalhado, fideliza, emociona e gera resultados. Se você quer crescer e se destacar, comece hoje mesmo a reavaliar seu modelo de atendimento. Seu público já mudou. Agora é sua vez.

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