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Fórum Saúde Digital: TI em Saúde

Article-Fórum Saúde Digital: TI em Saúde

Na quarta-feira, 22 de agosto, realizou-se a terceira edição do Fórum Saúde Digital no Hotel Paulista Plaza, em São Paulo. O evento, organizado pela Converge eventos, teve como mediador o editor da revista TI Digital Claudiney Santos e contou com a presença de palestrantes como Izabela Januário da  Frost & Sullivan, José Luis Romo Cruz do Instituto Mexicano de Seguro Social (IMSS), Emerson Rocumback da Orizon, Luis Gustavo Kiatake da E-VAL, Katia Galvane da Telefonica/Vivo, Cezar Martineli da AEBEL, Walquíria Majella da TOTVS, Fernando Vogt da Intersystems, Dr. Mucio de Oliveira do InCor (Instituto do Coração), Carlos Júnior da INTO, Renato Sabbatini da SBIS (Sociedade Brasileira de Informática em Saúde) e finalmente André Luis de Almeida da Secretaria de Saúde de São Paulo.

Izabela trouxe pesquisas que colocam o mercado de Saúde do Brasil como o mais crescente na América Latina e com isso as oportunidades para TI no setor expandem: em 2012 serão investidos cerca de 471,5 milhões de dólares e, estimados para 2015, 713,9 milhões de dólares, com crescimento médio de 15% ao ano na área. As tendências apontadas para TI foram Cloud Computing, o que já é uma realidade para alguns hospitais; Big Data, que é o grande volume, variedade, velocidade e processamento de dados que podem gerar informações de valor para suporte da tomada de decisão; e a Mobilidade, que se refere à crescente utilização de smartphones e tablets de maneira a agregar valor à saúde. Outro conceito apresentado foi o de Saúde Conectada, ou seja, oferecer serviços de saúde remotamente, através de redes sociais, telemedicina ou mobile health. Algumas deficiências apontadas no setor foram a baixa quantidade de softwares voltados para a área e para integração de dados, carência de aplicativos desenvolvidos nacionalmente e a baixa infraestrutura no setor de telecomunicação. Chamou-se atenção também para a necessidade de um modelo de negócio melhor definido no setor para que o ROI (return on investment) seja melhor conhecido.

José Cruz trouxe o case de sucesso do IMSS. Ele chamou atenção para a baixa taxa de sucesso dos projetos de tecnologia: apenas 30% dos projetos dão bons resultados. Ele acredita que isso se dê devido ao uso indevido da tecnologia, impedindo a exploração todo seu potencial. Sua implementação em momento errado, quando não há organização, otimização e padronização dos processos, quando não há envolvimento da diretoria, confiança na proposta e motivação do pessoal não resultará em melhorias. “Tecnologia é necessária, mas não suficiente. Suficiente é estratégia do uso da tecnologia, no momento certo”. Com essa filosofia, o IMSS conseguiu mudanças significativas em dois anos, como a diminuição da fila de espera de cirurgias e melhora da qualidade no atendimento.

Gerente de arquitetura, Emerson Rocumback, comentou sobre a solução que a Orizon encontrou para integração das informações de sua cadeia de prestadores: o appliance da IBM Data Power, que através de webservice, garantiu a conformidade das informações dos parceiros da Orizon com a TISS (Troca de Informação de Saúde Suplementar) em cinco dias, quando a previsão anterior era de dois meses para essa adequação, comprovando mais uma vez como a TI na Saúde pode facilitar e agilizar os processos.

Kiatake trouxe informação sobre o novo padrão TISS: este terá espaço para assinatura digital e uma mensagem específica para imagem, o que apoia ainda mais a ideia de saúde sem papel, tema de sua palestra. Ele comentou sobre a certificação digital que usa a tecnologia ICP (Infraestrutura de Chaves Públicas) para geração de assinaturas digitais, e explicou suas propriedades de autoria, que identifica o autor por assinatura e autenticação; integridade, o que promove eficácia jurídica de um documento assinado digitalmente; e sigilo, que aplicado à mensagens ou canais de comunicação, impede a interpretação por pessoas não autorizadas. Outra discussão se deu devido à lei de  regulamentação da digitalização de documentos, a qual frustrou os profissionais da área por não ser tão forte e eficaz como se esperava. Segundo palavras do próprio Kiatake, “Estamos preparados para um mundo sem papel”.

Para quem acha que a Telefônica não possui atividades na área da Saúde, ledo engano. A empresa tem seu próprio PACS (Picture Archiving and Communication System), apresentando um diferencial: o pagamento por uso, além de ser em cloud e permitir mobilidade. Oferecer infraestrutura de tecnologia de informação e comunicação para gestão de imagens médica é apenas uma parte. Além desse, outros serviços são oferecidos: teleorientação para os pacientes através de dispositivos móveis, gestão remota de pacientes e agenda web para os profissionais de saúde também estão na lista. O envolvimento de empresas que não têm o seu core business na saúde com certeza vêm para somar.

No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade. Os problemas financeiros do Hospital Evangélico de Londrina geraram uma pressão para novas soluções, o que levou a diretoria a oferecer cursos de inovação sistêmica para os funcionários, criando uma cultura de inovação no hospital que rendeu frutos. O setor de TI da AEBEL (Associação Evangélica Beneficente de Londrina), cuidadora do hospital, juntamente com os médicos conseguiram desenvolver o INTERA, software que permite a visualização e manipulação de imagens médicas através da tecnologia kinect no centro cirúrgico. Com isso, os médicos podem manipular como quiserem as imagens sem se preocupar com o risco de contaminação, favorecendo não apenas o profissional mas também o paciente.

Rede social corporativa foi o que a TOTVS trouxe nesse evento: a by You. Redes sociais corporativas permitem a presença de usuários qualificados e autenticados, promovendo uma cultura colaborativa na empresa e a melhor gestão do conhecimento organizacional por compartilhamento. A comunicação interna é potencializada através da rede, aumentando o número de novas ideias e diminuindo os chamados técnicos internos.

Fernando Vogt trouxe uma reflexão para o Fórum: o investimento em tecnologia da informação não resolve os problemas de uma empresa se não for feita uma gestão clínica a priori. A tecnologia potencializa os bons resultados, porém a otimização de processos deve ser feita prioritariamente. Outro conceito retomado por ele foi o da Saúde Conectada, favorecendo o compartilhamento da informação clínica.

Mucio Tavares anunciou um projeto do InCor de telediagnóstico que auxiliará em emergências cardíacas. Foi explicado que a janela para que o tratamento seja efetivo nesse tipo de emergência é apenas de algumas horas e muitas vezes o plantonista não é um especialista em cardiologia ou está em um ponto remoto, no qual não consegue uma segunda opinião para tomar suas decisões, o que acaba por prejudicar o paciente. Pensando em reduzir o revés dessas situações, o  projeto consiste na orientação a distância por médicos especializados em uma unidade central para outros médicos em localidade remota, utilizando um cart que contém vídeo, som e eletrocardiograma. Esse cart pode conectar-se por 3G ou wireless e transmitir dados e imagens afim de permitir a discussão de casos entre centros especializados e outros centros, otimizando o diagnóstico emergencial e aumentando a chance de recuperação dos pacientes.

Carlos Junior palestrou sobre a modernização do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia que hoje conta com uma farmácia automatizada e uma sala de telemedicina com vídeo e webconferência para second opinion, o que permitiu que o hospital fosse um dos colaboradores nas Olimpíadas de Londres 2012.

Renato Sabbatini introduziu uma discussão sobre o perfil do profissional em Informática em Saúde. A maior preocupação dos convidados revolveu na falta de profissionais capacitados para atuarem na área, que estando em crescimento, cria uma alta demanda com dificuldades para ser suprida, uma vez que se faz necessário um bom conhecimento de duas áreas: Saúde e TI. Gostaria, aqui, de fazer uma correção quanto a uma afirmação feita durante a palestra: o curso de Tecnologia em Informática em Saúde da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) é de nível superior, com 4 anos de duração. Para esclarecimentos, visitem o site da UNIFESP.

Finalmente, o que pode-se observar é uma previsão otimista do crescimento da Tecnologia de Informação na área da Saúde e, com isso, uma grande demanda por esse tipo de profissional. Todavia, é necessário que se entenda que a tecnologia da informação vêm para otimizar e não resolver problemas de gestão. Os profissionais têm que estar capacitados para gerir processos afim de, em outro momento, potencializar os resultados com a inserção da tecnologia.

Texto por Caroline Watanabe

Revisão por Smairah Abdallah