A sustentabilidade nas operações hospitalares é uma necessidade cada vez mais urgente, considerando a elevada demanda de recursos naturais e a significativa pegada ambiental dessas instituições. Os hospitais operam 24 horas por dia, consumindo grandes quantidades de energia e água, além de gerarem volumes expressivos de resíduos. Diante desse cenário, a adoção de estratégias eficientes é essencial para promover uma gestão mais sustentável.
De acordo com o relatório da Health Care Without Harm (HCWH), os sistemas de saúde são responsáveis por 4,4% das emissões globais de CO₂, uma pegada climática equivalente às emissões anuais de gases de efeito estufa (GEE) de 514 usinas a carvão. A adoção de práticas sustentáveis não apenas contribui para mitigar esses impactos, mas também favorece uma gestão mais eficiente e a redução de custos operacionais.
Consumo de água e energia
A eficiência energética é um dos pilares da sustentabilidade hospitalar, mas também representa um desafio. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), o consumo de energia dos hospitais por metro quadrado é quase 2,5 vezes maior do que o de edifícios comerciais convencionais. Essa alta demanda impacta diretamente os custos operacionais e a pegada de carbono das instituições, tornando essencial a adoção de medidas que promovam uso racional de energia elétrica.
Alternativas como a instalação de sistemas de iluminação LED, sensores de presença e equipamentos com certificação de eficiência energética podem reduzir significativamente o gasto de energia. Além disso, tecnologias modernas, como chillers eficientes e sistemas de cogeração de energia, permitem uma gestão mais sustentável do consumo elétrico. O investimento em fontes renováveis, como painéis solares e sistemas de aproveitamento térmico, também tem se tornado uma estratégia cada vez mais adotada para reduzir a dependência da rede elétrica convencional.
No que tange ao uso da água, a demanda hospitalar é igualmente elevada, abrangendo processos como esterilização de equipamentos, lavanderias, climatização e a utilização sanitária. A implementação de sistemas de reuso e a captação de água da chuva são estratégias eficazes para reduzir esse impacto.
Outras iniciativas incluem a instalação de torneiras e chuveiros com dispositivos de controle de vazão, além da adoção de sistemas de detecção de vazamentos, garantindo um uso mais racional da água. Hospitais que investem nessas soluções não apenas contribuem para a preservação ambiental, mas também reduzem significativamente seus custos operacionais.
Gestão de resíduos e parcerias sustentáveis
A gestão adequada dos resíduos hospitalares também é essencial para minimizar os impactos ambientais e garantir a segurança sanitária. Os hospitais geram diferentes tipos de detritos, incluindo materiais infectantes, químicos, radioativos e comuns, cada um exigindo um tratamento e descarte específicos.
Uma abordagem eficiente começa com a segregação correta dos subprodutos na fonte, reduzindo o volume de materiais contaminados e ampliando as possibilidades reaproveitamento de itens recicláveis. Para isso, é fundamental a implementação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS), garantindo conformidade com as normativas ambientais e sanitárias, além de estabelecer diretrizes claras para o descarte responsável.
Outra estratégia importante é a adoção de métodos alternativos para o tratamento de resíduos infectantes, como autoclaves e micro-ondas, que reduzem a necessidade de incineração e minimizam a liberação de poluentes no meio ambiente. Além disso, iniciativas como compostagem do lixo orgânico proveniente de refeitórios hospitalares, contribuem para a redução do volume de descarte promovendo a economia circular.
Por fim, a escolha criteriosa de materiais e fornecedores é imprescindível para uma economia sustentável. Ao optar por itens e produtos com descarte facilitado ou que utilizem menos plástico em sua composição, o hospital consegue encurtar o caminho para ser mais sustentável.
Benefícios econômicos e ambientais
A adoção de práticas sustentáveis resulta em benefícios econômicos e ambientais. A redução no consumo de recursos e na geração de resíduos diminui os custos operacionais e minimiza a pegada ecológica das instituições de saúde. Além disso, hospitais que investem em sustentabilidade fortalecem sua reputação perante a sociedade e os órgãos reguladores.
Em suma, o uso consciente de recursos e a implementação de práticas sustentáveis nas operações hospitalares são imperativos para garantir a eficiência operacional, a redução de gastos e a preservação ambiental. As instituições de saúde têm a responsabilidade de liderar pelo exemplo, adotando medidas que promovam a sustentabilidade e contribuam para um futuro mais saudável para todos.
*Adriano Correia é Vice-Presidente Industrial na B. Braun.