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Startup brasileira reduz gastos com espectro do autismo

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O impacto econômico do autismo, apenas nos EUA, deve ultrapassar US$ 460 bilhões nos próximos dez anos

Laboratório dedicado exclusivamente a análises genéticas, com foco em perspectivas terapêuticas personalizadas para o Transtorno do Espectro do Autismo e outros transtornos neurológicos de origem genética, TISMOO surge como uma solução inovadora para o mercado de doenças raras. Por meio de uma medicina personalizada, a startup pretende atuar como solução para minimizar o impacto econômico do TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), número que, só nos Estados Unidos, já atingiu em 2015 o valor de 268 bilhões de dólares.

Estes são dados do estudo publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders, que analisou o impacto econômico do tratamento e cuidado de indivíduos com autismo. O estudo, primeiro no mundo a avaliar com grande profundidade o custo desta condição, revela também que as despesas vão muito além dos medicamentos, abrangendo a educação especial, os serviços médicos e não-médicos, os cuidados residenciais e, inclusive, a perda de produtividade dos pais e dos indivíduos com autismo.Impacto economico Autismo

O Centers of Disease Control and Prevention (CDC) divulgou um relatório com dados ainda mais impressionantes: segundo o estudo, 1,47% das crianças de 8 anos têm autismo; se usarmos este percentual como índice para calcular os gastos em todas as faixas etárias, chegaríamos a um impacto de 358 bilhões de dólares em 2015 e 616 bilhões de dólares daqui a uma década. No Reino Unido, em 2012, esse impacto econômico foi avaliado em 54 bilhões de dólares. Considerando que as taxas no mundo aumentam a cada ano, as estimativas dão conta de que este número pode chegar ao valor de 1 trilhão de dólares em 2025, apenas em território americano. Para se ter uma ideia da importância destes números, este ano, o custo com autismo foi praticamente o mesmo que o da diabetes, considerado hoje o maior problema de saúde americano.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que cerca de 1% da população mundial está inserida no espectro do autismo, entretanto um estudo recente realizado na Coreia do Sul reportou uma incidência de autismo na ordem de 2,6% da população. No Brasil, não há informações consolidadas, mas se considerarmos os dados da OMS, há cerca de 2 milhões de indivíduos afetados e poucas clínicas e serviços específicos para esse tipo de tratamento.

Para Alysson Muotri, um dos cientistas fundadores da TISMOO, após o desenvolvimento do Valium, nos anos 70, e do Prozac, nos anos 90, a indústria praticamente parou de investir no desenvolvimento de novas drogas para transtornos desse tipo. Segundo o cientista, esses são dados extremamente preocupantes, ainda mais se considerarmos que a estimativa é que uma em cada quatro pessoas no mundo desenvolverá algum tipo de transtorno neurológico durante a vida. “A TISMOO, por meio do que chamamos de medicina personalizada, vem dar uma chacoalhada nisso tudo. Com base na individualidade genética do indivíduo, nossa equipe busca pistas para um potencial tratamento mais adequado, escapando dos tratamentos tradicionais, que não necessariamente são eficazes para todos”, diz Muotri.

A ideia da Startup brasileira é recriar em laboratório as etapas do desenvolvimento neural a partir de células do próprio paciente – são os minicérebros, capazes de capturar o material genético de cada indivíduo. A partir daí, usando tecnologias extremamente modernas para edição do genoma humano, o que a Startup brasileira fará é investigar como uma mutação do indivíduo causa um quadro clínico específico e, assim, buscar novas formas de reverter o processo. “A grande vantagem desse tipo de processo é que começamos a abrir uma possibilidade viável para o teste de fármacos sem que se tenha que usar o próprio paciente como cobaia: usando esses minicérebros é possível variar os tipos e as quantidades de medicamentos e, assim, encontrar um tipo de tratamento mais adequado para cada indivíduo”, complementa Muotri.