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Startup brasileira atua com medicina personalizada para o autismo

Article-Startup brasileira atua com medicina personalizada para o autismo

Equipe Tismoo_Foto Nicolas Brito
Uma das iniciativas sociais da TISMOO foi contribuir com a demonstração de causalidade do vírus da Zika nos casos de microcefalia

Altamente inovadora, a TISMOO detém a tecnologia dos “mini-cérebros” que reproduzem o desenvolvimento do cérebro humano a partir de células-tronco de pacientes. Seu foco é acelerar e aprimorar as pesquisas com o objetivo de fazer a diferença na vida de famílias afetadas por transtornos neurológicos como o Espectro do Autismo.

A startup brasileira de biotecnologia TISMOO é o primeiro laboratório do mundo exclusivamente dedicado à medicina personalizada para o Transtorno do Espectro do Autismo e outros transtornos neurológicos de origem genética. Em atuação desde 2015, a startup conta com uma equipe técnica composta por especialistas renomados mundialmente. Desde o início de 2017, a TISMOO também iniciou operação nos Estados Unidos e mantém colaboração com outros laboratórios do país.

Pioneira no mundo a realizar este trabalho, a startup se propõe a impactar positivamente a vida das famílias com entes que sofrem de distúrbios neurológicos, oferecendo uma medicina individualizada, capaz de atender as características únicas de cada paciente. Assim, pretende, por meio da modelagem celular e edição genética, investir em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) a fim de buscar melhorar as formas de tratamento para essas doenças, testando medicamentos já aprovados em “mini-cérebros” produzidos em laboratório a partir de células-tronco de pacientes, que recriam as etapas do desenvolvimento neural.

A tecnologia, desenvolvida pela equipe do Dr. Alysson R. Muotri, considerado um dos maiores especialistas em autismo do mundo, é um enorme avanço na área da medicina, sendo vista como uma grande oportunidade de desvendar possíveis tratamentos para doenças neurológicas hoje incuráveis. Isso porque, a partir de estudos através dos mini-cérebros, é possível capturar o material genético de cada indivíduo a fim de investigar como suas mutações levam a um quadro clínico específico e buscar novas abordagens para reverter o processo com tratamentos farmacológicos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

“As pesquisas realizadas com os mini-cérebros trarão um avanço revolucionário para a medicina nos próximos anos. A grande vantagem desse processo é que começamos a abrir uma possibilidade viável para o teste de fármacos, sem utilizar o próprio paciente e, mesmo assim, conseguindo definir um tratamento mais adequado para cada indivíduo”, explica o Dr. Muotri, Chief Scientific Officer da TISMOO, biólogo molecular e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia (UCSD).

Expansão e avanço científico

O foco da operação da TISMOO nos EUA, que é comandada pessoalmente pelo Dr. Muotri, é o mercado de novas drogas e de recolocação de drogas já aprovadas clinicamente. “Entendemos que nossa tecnologia é uma excelente plataforma para facilitar e agilizar o processo na busca por tratamentos mais eficazes para as doenças neurológicas, já que a aprovação de um novo medicamento exige custos enormes e um longo tempo de testes clínicos” explica o Dr. Muotri.

A pesquisa mais recente com o uso dos mini-cérebros, liderada pelo Dr. Muotri e sua equipe na Universidade da Califórnia, mostra como é realmente possível dar um salto em direção ao futuro e ajudar pacientes que sofrem com transtornos neurológicos. O avanço foi demonstrado com a descoberta de dois novos tratamentos para a Síndrome de Aicardi-Goutieres – uma doença rara que compromete quase totalmente a parte neurológica da pessoa. Com o estudo, foi possível definir como a patologia é iniciada no organismo, como em uma doença autoimune. Fazendo uso da recolocação de drogas, os cientistas utilizaram fármacos (anti-retovirais) já existentes no mercado para tentar um possível tratamento para a doença e o resultado não poderia ter sido mais positivo.

Além dessa grande conquista, por terem características semelhantes, a nova descoberta também pode contribuir para o tratamento do autismo e outras condições neurológicas aonde a neuroinflamação exerce papel fundamental, como no autismo, esquizofrenia, ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) e o mal de Alzheimer.

E esse é justamente um dos objetivos da TISMOO: inovar na área da saúde, mostrando como essa nova tecnologia é essencial para futuras descobertas, que têm o potencial de mudar radicalmente tudo o que a ciência sabe até hoje, com a aceleração do processo de recolocação de fármacos para o autismo.

Revolução social

Além dos diversos avanços que já vem realizando no campo da medicina, a startup é extremamente inovadora também em seu modelo de negócio. A TISMOO faz parte do movimento das Social Enterprises, um conceito diferente de empresa, no qual cumprir seu “propósito social” é o eixo central de seu modelo de negócio.

Uma das iniciativas sociais da TISMOO foi contribuir com a demonstração de causalidade do vírus da Zika nos casos de microcefalia. A startup participou de um consórcio internacional que utilizou mini-cérebros humanos para mostrar a neurotoxicidade do vírus da Zika. Os resultados foram publicados na prestigiosa revista científica Nature, em maio do ano passado. A TISMOO agora busca apoio para outro projeto social, o “1,000 genomas de autistas brasileiros”, cuja ideia seria definir o perfil genético do autista brasileiro, além de fornecer aconselhamento genético as famílias que não conseguem realizar o exame por questões financeiras.

Novos estudos já estão em andamento e a startup pretende continuar seguindo com sua estratégia, pesquisando outras doenças e seus tratamentos com medicamentos já existentes para, assim, conseguir revolucionar a medicina ainda mais nos próximos anos e acelerar o descobrimento de novos tratamentos para outros transtornos neurológicos, trazendo cada vez mais novidades neste campo de estudo.