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Como é o ecossistema para os empreendedores brasileiros?

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A Fundação Dom Cabral liberou um estudo de extrema importância para empreendedores brasileiros sobre os determinantes para o sucesso aqui.

A Fundação Dom Cabral liberou, ainda neste ano, um estudo de extrema importância para empreendedores brasileiros sobre os determinantes e as barreiras para o sucesso de uma startup aqui. Depois deste estudo, foi divulgado outro que diz que 25% das startups brasileiras morrem com menos de um ano de vida. Para entendermos o contexto deste dado, vamos utilizar os dois estudos.

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A imagem acima apresenta o que chamamos de determinantes para o sucesso de uma startup. Este modelo foi criado por Daniel Isenberg, em 2011, e adaptado pela Fundação Dom Cabral. Nele, podemos notar que alguns fatores são importantes para que o empreendedorismo funcione e atinja seu potencial máximo de expansão e desenvolvimento.

A primeira se trata  dos mercados, que deve ter representantes em todas as suas fases: desde os early adopters até os consumidores de massa. O foco nos canais de distribuição também é bastante importante e pode determinar sucesso ou falha de uma empresa. Nos mercados, as redes devem ser consideradas, já que o relacionamento com outros empreendedores, por exemplo, podem ser fator chave para um bom resultado.

Os recursos humanos são extremamente importantes e devem estar na mente dos empreendedores brasileiros. Nas área gerais de empreendedorismo, em mercados B2C, precisamos dos desenvolvedores e profissionais de negócio que conduzam a empresa e o projeto para frente e dos consumidores. Já no mercado B2B, precisamos ter, em nossas empresas, profissionais capacitados e que acreditam no projeto, mas, também, precisamos de clientes que tenham profissionais capacitados a fazer uso da nova tecnologia sem ônus ao projeto. Em saúde, estes profissionais, com frequência, são os médicos e enfermeiros, que têm contato direto com o paciente e, por falta de conhecimento, interesse ou treinamento, não utilizam os equipamentos, podendo gerar insucesso do produto.

O fator de Instituições de Suporte são de extrema importância para o sucesso. São elas as de infraestrutura, como telecomunicações, energia e logística, por exemplo; as de apoio, envolvendo advocacia, contabilidade, banqueiros de investimentos; peritos técnicos e conselheiros e as não governamentais, como outras empresas que promovem eventos, apoio, promoção da área na comunidade e outras. Sem essas instituições, em um país burocrático como o Brasil, é bastante difícil obter sucesso. Muitas vezes se perde um negócio porque a locomoção não permitiu a chegada ao local ou porque a conexão de internet não contribuiu na hora exata.

O quarto fator é a cultura. No Brasil, a cultura do empreendedorismo está começando agora a ser admirada e respeitada, mas se voltarmos aos ensinamentos que temos desde pequenos, crescemos ouvindo que o “bom é acertar”. Não importa o aprendizado do processo, mas se você errou, você não merece aquela posição. De acordo com André Esteves, errar é permitido, desde que seja um erro novo e do nosso tamanho. Isso significa que errar faz parte, mas precisamos aprender a corrigi-los, sem cometê-los repetidamente e devemos ser capazes de consertá-los.

Ainda na cultura, proporcionalmente, temos poucos exemplos de sucessos extraordinários e de grandes empreendedores brasileiros, como podemos observar todos os dias nos Estados Unidos. A falta de exemplos não permite que a comunidade, em geral, tenha noção do que pode ser atingido com uma boa ideia.

O capital financeiro é mais um fator determinante. A possibilidade de se fazer um empréstimo no banco americano, quando se tem um endosso de uma aceleradora ou de um venture capital, por exemplo, é muito mais que no Brasil. Ainda neste quesito, o tamanho dos investimentos feitos no Brasil não costumam ser tão grandes, o número de investidores, principalmente em uma área como a saúde, é baixo e as possibilidades de escala são menores que em outros mercados, tornando mais difícil a jornada.

Por último, temos as Políticas Públicas. São necessários projetos de apoio e fomento à inovação e ao empreendedorismo, redução da burocraria para abertura de empresas, maior rapidez em processos, como na Anvisa e na ANS e um modelo de proteção ao indivíduo em caso de falência de uma startup. Voltando ao estudo feito pela Dom Cabral, cerca de 25% das startups morrem em menos de um ano, e, se as punições e os gastos forem muito altos, o processo de inovação está sendo freado pelo risco do erro.

A cidade de São Paulo lançou neste ano um programa de apoio ao Empreendedorismo e podemos ver alguns esforços localizados para que o setor seja aprimorado. Precisamos, no entanto, de ações mais robustas e com follow-up destes empreendedores.

Muitos outros tópicos podem ser discutidos dentro de cada um dos aspectos citados. Por isso, sugiro a leitura do estudo na íntegra e a adoção destes parâmetros para a nossa rotina, promovendo discussão nas diversas esferas de atuação e possibilitando, assim, um desenvolvimento da área.

Como disse o representante da SOS Ventures “Se não criarmos um ecossistema forte, nenhuma empresa que abrirmos dará certo.”