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CIMIT (Boston) liga médicos a engenheiros e impulsiona startups

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CIMIT (Boston) liga médicos a engenheiros e impulsiona startups
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Lema do consórcio entre as maiores instituições médicas de Boston é “find, fund, facilitate”, ou, em bom português, encontrar, financiar e facilitar

Aceleradora, fundo de investimento, incubadora de ideias, rede de networking. Nenhum desses conceitos explica exatamente o que é o Center for Integration of Medicine & Innovative Technology, ou CIMIT, uma organização que reúne 13 das maiores instituições de saúde em Boston, nos Estados Unidos.

Fundado há 15 anos por quatro médicos com espírito empreendedor, o CIMIT conta com a participação de entidades como a Harvard Medical School, a faculdade de medicina da universidade Harvard, o Massachusetts Institute of Technology, ou MIT, uma das melhores escolas de engenharia do mundo, e o Massachusetts General Hospital, referência internacional no tratamento de câncer.

“Nosso primeiro objetivo era encontrar uma forma eficiente de trabalhar com tecnologias emergentes na área de healthcare e eliminar as barreiras entre o mundo técnico e o cirúrgico”, diz John Collins, chefe de operações do CIMIT. “Os médicos possuem a expertise, mas não têm tempo ou experiência para navegar no mundo empreendedor”. Por isso, a entidade atua como uma ponte entre os profissionais de saúde com boas ideias e os pesquisadores e engenheiros capazes transformá-las em produtos.

“Nosso papel é ajudar a pegar o que está parado nos centros acadêmicos e colocar para fora como startups. Usamos um modelo chamado de triplo F”, diz Collins. O lema do CIMIT é “find, fund, facilitate”, ou, em bom português, encontrar, financiar e facilitar.

johncollins-CIMIT John Collins, chefe de operações do CIMIT

FIND (encontre)

A chave para o sucesso está, entre outras coisas, na organização. Em cada hospital, faculdade ou centro de pesquisa parceiro há um responsável que atua como ponto de contato entre o CIMIT e todos os profissionais daquele ambiente. “Eles são a nossa linha de frente”, diz Collins. “Geralmente, quando um médico tem uma ideia ou desafio, ele procura o escritório de tecnologia da sua instituição. De lá, muitas vezes acaba direcionado ao nosso contato”.

A ideia é levar para outros ambientes os desafios que não puderam ser resolvidos individualmente pelas instituições. Na maioria das vezes, os projetos são apenas uma ideia sem modelo de negócios, protótipo ou sequer um time. “Focamos em estágios anteriores ao da maioria das aceleradoras”, afirma Collins.

FUND (financiamento)

Por meio de diferentes tipos de premiações e bolsas, em quinze anos, o CIMIT já investiu em mais de 600 projetos que resultaram em 240 soluções ou produtos desenvolvidos. Desses, 27% foram comercializados e geraram algum tipo de receita. Em média, os projetos finalizados pelos times apoiados pelo CIMIT são avaliados entre 2 milhões e 10 milhões de dólares. Por contrato, as instituições são donas das ideias, mas os médicos e pesquisadores ficam com parte do lucro. “Temos outra métrica de investimento: para cada dólar que colocamos em uma ideia, em média, 10 dólares são colocados pela instituição dona do projeto e por um investidor externo”, diz Collins

Apesar de possuir uma sede em Boston, o CIMIT trabalha com um modelo descentralizado no qual as pesquisas e projetos são realizados dentro das instituições parceiras.

FACILITATE (facilitar)

Um dos exemplos de ideias transformadas em produtos foi a criação de uma nova ferramenta para cirurgias no joelho específica para procedimentos no ligamento cruzado anterior. A ideia partiu da Dra. Martha Murray, do Childrens Hospital de Boston, e só saiu do papel depois que o CIMIT colocou a médica em contato com um time de engenheiros do MIT. “Os projetos são sempre com pesquisadores experientes das instituições ou, no mínimo, estudantes de pós-doutorado”, diz Collins.

A ideia não é apenas ligar médicos a engenheiros e fornecer financiamento, mas apoiar esses novos times com uma equipe multidisciplinar especialista em assuntos que variam de propriedade intelectual a implementação tecnológica. “Além disso, o ecossistema de Boston é muito forte em nos apoiar”, diz Collins. “A cidade tem histórico de investimentos na área de saúde. Acho que tudo começou com os grandes centros acadêmicos, mas Boston também é um grande centro comercial e o governo apoiou essas atividades na região. Como resultado, atraímos muitos pesquisadores, que têm boas ideias, criam empresas e atraem investidores. Temos um ecossistema vibrante comparável ao Vale do Silício”, afirma.

Em busca desse ciclo virtuoso, outros países tentam importar o modelo do CIMIT. Há cinco anos, grupos do Reino Unido e Singapura trabalham com o time americano para criar suas próprias redes de colaboração e investimento focadas em saúde. Para as cidades ou instituições interessadas em apoiar o setor, possuir bons centros acadêmicos e contar com investidores é muito importante. No entanto, de nada adianta se não houver incentivo à parte fundamental desse ecossistema. “Sem os empreendedores é impossível transformar grandes ideias em grandes negócios”, diz Collins.

*Paula Rothman - repórter especial para o Saúde Business, diretamente de Boston (EUA)