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Rede colaborativa espalha novas perspectivas para geração dos 50

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É impressionante o impulso transformador que hoje uma causa pode ganhar nas redes sociais.

Sem nunca antes terem dado um aperto de mão ou trocado olhares, ao descobrirem que têm valores e objetivos em comum, as pessoas se abrem sem reservas e começam a tecer, rapidamente, vínculos e se ajudar mutuamente para concretizar seus ideais. E o mais extraordinário, esse ímpeto produz uma tal força coletiva que as coisas no mundo “real” mudam de verdade.

Nessa toada, a comunidade em rede aberta #MaturityNow surpreende com seu propósito de despertar o espírito “change maker” da geração que tem sido chamado de “jovens 50+”, segmento populacional que mais engrossa as estatísticas no Brasil e mundo afora.

Salto quântico - Sem preconceito etário e com entusiasmo de sobra, os idealizadores do movimento virtual #MaturityNow, jovens e outros nem tão jovens que acreditam na causa, pretendem que os 50+ sejam vividos com o que eles chamam de “um salto quântico”, um estilo de vida pessoal e formas de atuar em sociedade muito diferente das gerações passadas.

A rede também pretende propagar novas ideias em áreas como saúde, trabalho, ressignificação da vida, etc., além de concentrar esforços para que projetos e negócios de impacto social sejam colocados em prática.

“Estamos observando o surgimento de uma nova geração de jovens 50+ que querem mudar a sociedade com muita sabedoria e amor. Mais do que ninguém, eles sabem que a transformação pra valer precisa acontecer tanto no mundo externo quanto em seu mundo interior. Essas pessoas não querem mais caminhar a passos lentos. Querem saltos quânticos, agora”, destaca a educadora Jamile Coelho, ativista na rede.

Dois recursos vitais - Jamile Coelho desenvolveu uma interessante técnica, usa o Design Thinking para empoderar os que ela chama de “habilIDOSOS”.

Aos 65 anos de idade, ela afirma estar na melhor fase de sua vida e completa:

“As pessoas maduras juntam dois recursos vitais para impulsionar as grandes mudanças buscadas hoje em dia, elas têm tempo livre e bagagem de vida. Pessoas 50+ têm muito a ensinar sobre as melhores habilidades que as guiaram ao longo da vida, mas também têm o que aprender com as outras gerações. Esse encontro intergeracional quebra antigos paradigmas e é o que pode fazer todos, não importando se velhos ou jovens, terem vidas realmente mais significativas e úteis”.

Aberta e colaborativa – Max Nolan Shen, da Dervich Insigts, empresa que acredita que as marcas com propósito precisam criar movimentos culturais para ajudar a construir novas realidades nesse momento de transição mundial, é um dos protagonistas da comunidade #MaturityNow que ele ressalta, é totalmente auto-gerida pelos seus membros que compartilham sonhos que desejam realizar no presente, não num futuro distante.

“Somos totalmente abertos, inclusivos e colaborativos. Por isso não existem cargos ou nenhuma forma de centralização de poder. Qualquer um pode aderir e todos podem participar das escolhas e decisões. Isso não quer dizer que não exista liderança nas atividades. A ideia é que todos sejam autônomos e exerçam a co-liderança e a corresponsabilidade por suas ideias inovadoras, projetos e negócios sociais, que sempre terão um ‘call to action’, ou seja, um convite aberto à comunidade virtual para quem quiser empreender junto”,

Atraída por essa proposta, muita gente está se conectando ao #MaturityNow. Alguns membros até tiveram a oportunidade de fazer palestras no Festival MaturityNow, evento que reuniu em São Paulo uma plateia ávida por conhecer mais a fundo a proposta inovadora da rede.

Faça novas conexões – Pensador provocativo e empreendedor focado na inovação, Oswaldo Oliveira fala sobre maturidade em rede como atitude de vida, não de faixa etária.

‘Precisamos superar a visão coletiva que temos de escassez de recursos de toda ordem, um olhar do modelo industrial, e passar para a perspectiva da perenidade e da abundância, própria do pensamento e ação em rede. É desta forma que acontecem as conexões que abrem infinitas possibilidades, que nos fazem apreciar a diversidade e não ignorar as dualidades. Essa nova postura tem na cocriação a maneira mais rica de experimentar a vida. Mas nada disso é possível se as pessoas não saírem de suas zonas de autoproteção e se desapegar de certos títulos, status ou daquilo que fazem sempre com muita eficiência, mas que não é mais tão necessário e só as mantém no nível da sobrevivência e do medo do futuro. Maturidade é estar livre de todas essas amarras”.

Filhos com outro olhar para pais idosos – A psicóloga Raquel Ribeiro, diretora do Ateliê do Cuidado, transita com leveza ao falar de como lidar com o envelhecimento dos pais na rede #MaturityNow,

“Muita gente ainda associa o velho ou o idoso a alguém curvado, frágil, doente e dependente. Não por acaso o idoso não se vê dessa forma, pois ele percebe um fato óbvio, a velhice não é igual para todos, ela é cheia de multiplicidades. Para se ter uma ideia, em São Paulo, só cerca de 30% das pessoas mais maduras apresentam algum tipo de dependência”, aponta Raquel. E conclui:

“Hoje, pessoas com 60, 70, 80 anos estão se permitindo se reinventar. Alguns tomam a decisão de começar um negócio próprio, outros voltam a frequentar a faculdade ou fazem uma mudança radical no rumo da própria vida. Não é a idade, mas a força das crenças e propósitos que definem o ser humano. Essa perspectiva tem inspirado as pessoas maduras a querer fazer mais nos dias de hoje. Os filhos também precisam ter essa visão mais ampla das possibilidades que se abrem para seus pais idosos”.

Equilíbrio entre ser e ter - Consultor na área de desenvolvimento de organizações e indivíduos, Marcos Vianna tem aplicado a Teoria dos Setênios, baseada na filosofia antiga e nos princípios da antroposofia, para analisar a evolução do ser humano ao longo de 10 ciclos de sete anos, contados a partir do nascimento.

“Nos primeiros três ciclos, que culminam aos 21 anos, o foco é o amadurecimento do corpo, Os três ciclos seguintes, que terminam aos 42 anos, o que prevalece é o desenvolvimento mental e psicológico. Daí em diante, se a pessoa não atrapalhar o ritmo natural de seu desenvolvimento, as questões relacionadas ao amadurecimento espiritual prevalecerão”, explica Vianna.

O consultor em desenvolvimento chama a atenção para o fato de que muita gente perto de completar 50 anos vive uma crise de autenticidade.

“Por não ter se permitido viver toda sua evolução psicológica, muitos se sentem desnorteados e até sofrem perdas em diferentes áreas de suas vidas. É o momento em que muitos se dão conta de que uma boa parte da vida já passou e que o tempo que resta precisa ser dedicado ao que realmente importa. Os indivíduos passam a ter prazer e motivação para trabalhar em beneficio dos outros e não mais só de si mesmo ou daqueles que lhe são mais próximos. Ao resgatar suas biografias, entre o sétimo e o oitavo setênio da vida, a pessoa sente a necessidade de equilibrar o ser e o ter, de não viver mais em função apenas das conquistas externas.”

Vida plena - A bióloga Maluh Barciote, que colaborou na elaboração do Novo Guia Alimentar da População Brasileira (versão 2014) e é diretora do Mahã – Instituto de Estudos Contemporâneos, compartilha na rede #MaturityNow suas reflexões sobre longevidade e vida plena, indagando se esta seria uma questão de escolha.

‘Hoje, a realidade do nosso país é esta: a violência está matando muitos jovens e os adultos estão vivendo muito mais. Praticamente têm pela frente uma nova vida, considerando que, a partir dos 50, a expectativa é de mais três ou quatro décadas de vida. Isso exige uma atualização de todas as nossas ideias, o que inclui sair do que eu chamo de ‘normose’, a patologia da normalidade que nos faz achar natural, por exemplo, consumir de forma compulsiva e não perceber o alcance dos impactos sociais, ambientais e individuais dessa conduta doentia das sociedades modernas.”

Uma das mais ativas integrantes da rede #MaturityNow, Maluh Barciote acredita que todas as pessoas, independente de serem jovens ou mais velhas, terão de fazer escolhas melhores ao longo da vida, que para muitos ultrapassará os 100 anos.

“Vamos ter que parar para pensar sobre que papeis queremos ter no mundo, já que teremos uma vida muito longa pela frente que vai exigir mais significado. Definitivamente, não poderemos ficar sozinhos com nosso umbigos, se isolar das necessidades dos outros”, conclui a bióloga.

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