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O futuro dos diagnósticos

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Todo começo de ano é igual - só que dessa vez é diferente! Na verdade, estamos começando a viver uma nova década! E isso nos encoraja a olhar para a frente e pensar sobre o futuro que iremos construir.

É fato que do final do século 20 ao começo da década de 20 tudo se passou muito rápido e a sensação é de que, apesar de tanta inovação, continuamos com um pé em cada barco. Mas se muita coisa mudou nos últimos dez anos, outras grandes mudanças ainda estão por vir desafiando nossas certezas (a essa altura tão abaladas).

Motivados por esse momento especial, um grupo de especialistas em medicina diagnóstica de várias partes do mundo se reuniu para elaborar um documento que, antes de trazer respostas, nos convida a pensar em possíveis desafios que deverão ser encarados pelo setor ao longo dos próximos dez anos.

Trata-se de uma forma bacana de provocar exercícios para manter nossa imaginação viva, e quem tiver um tempo pode encontrar o material completo na biblioteca da IFFC - International Federation of Clinical Chemistry and Laboratory Medicine.

As questões se dividem em grandes grupos de afinidade e em todos encontramos hipóteses que podem causar reações que vão da empolgação ao repúdio, como sempre acontece quando falamos sobre inovação.

No primeiro grupo, chamado panorama geral da Saúde, a provocação inicial é sobre as mudanças que poderiam acontecer no atual ciclo existente entre médicos e laboratórios (chamado aqui de brain-to-brain loop). Graças a uma maior integração dos testes laboratoriais na cadeia assistencial da saúde, acredita-se que mudanças importantes podem ser aguardadas para um futuro breve.

Para começar uma nova governança clínica poderá emergir a partir dessa nova configuração o que traria impactos de grande efeito na jornada do paciente.

Outra tendência importante que poderia afetar esse loop é o irreversível empoderamento dos pacientes. Segundo o estudo a crescente capacidade de auto-gestão da própria saúde, turbinada por apps, vestíveis e muita informação publicada na rede, poderia levar pacientes a um tal grau de empoderamento que os colocaria em condição, até mesmo, de solicitar seus exames diretamente aos laboratórios...

O surgimento de novas plataformas para compartilhamento de dados entre médicos, hospitais, laboratórios e operadoras também seria uma novidade capaz de colocar o brain-to-brain loop de ponta cabeça! Uma camada extra de I.A. aplicada nas interfaces entre esses vários atores poderia influenciar fortemente o sistema de saúde.

Apenas para que se tenha uma ideia, o surgimento de sistemas inteligentes para realização de pedidos de exame, associados à data analytics e machine learning, poderia tornar todo o processo atual mais eficiente com impactos positivos sobre a jornada do paciente, a coordenação da demanda e o equilíbrio econômico do sistema.

O segundo grupo de possíveis inovações trazidas pela década de 20 dizem respeito a fase pré-analítica. Aqui surgem questões como o papel dos laboratórios no gerenciamento de bancos biológicos. Através da integração entre sistemas dos consultórios e laboratórios, esses últimos poderiam receber a demanda dos pesquisadores antes de realizar a coleta da amostra, a tempo de testar os biomarcadores demandados. Isso praticamente tornaria dispensável o armazenamento físico de amostras e todo processo em torno disso, além de acelerar a conclusão dos estudos.

Nesse grupo ainda surgem questões sobre quais os tipos de amostras que poderão ser coletados e testados. Métodos pouco invasivos, como sangue seco e saliva, têm se multiplicado e já estão sendo realizadas pesquisas, por exemplo, sobre a precisão da voz para diagnóstico precoce de doenças como Alzheimer - com a ajuda, nesse caso, da Inteligência Artificial.

Logo na sequência chegamos a fase analítica, que já vem vivendo episódios disruptivos graças aos progressos em temas como Espectrometria de Massa e Genômica. O crescente número de publicações sobre esses assuntos não deixa dúvidas sobre a capacidade de inovação nesses campos.

Uma outra onda de disrupção, na visão dos autores, diz respeito ao Point of Care. Os smartphones deverão seguir sendo transformados em aparelhos capazes de realizar coisas como exames de glucose, urina, ultrassom e teste de gravidez. Da mesma forma, seguiremos vendo roupas, protetores bucais e acessórios diversos embarcando sensores capazes de transmitir dados críticos sobre nossa saúde. Também deverão ganhar força os tricoders e os quiosques para realizar alguns exames.

Por fim, na Pós Analítica vêm à tona discussões sobre os efeitos da medição do Valor em Saúde e uso de IA na interpretação de dados, sendo que o Valor dos laboratórios nesse contexto poderia ser expresso na mesma medida que os resultados dos exames aceleram a velocidade do tratamento do paciente ao longo da jornada.

Da mesma forma a velocidade ao se realizar diagnósticos utilizando IA para interpretar imagens já vem ajudando a aumentar, não só a produtividade, mas também a assertividade na detecção de problemas como, por exemplo, metástases linfonoidais.

Enfim, trata-se de um estudo denso e esse é apenas um breve resumo do material. De qualquer forma já é possível perceber por aqui que gerir inovação em medicina diagnóstica nos próximos anos promete ser uma aventura muito gratificante. Trata-se de um diagnóstico e tanto para todo o setor.