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As lições de gestão do bilionário Edson Bueno

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Edson Bueno - shutterstock
“O sonho sempre esteve na frente”; “não é vestir a camisa, mas engolir a camisa”; “procuro fazer uma vida de relacionamentos”. O fundador da Amil demonstra como pensa, fator determinante para chegar aonde chegou

Com uma fortuna avaliada em US$ 2,6 bilhões, segundo a lista da Forbes de 2014, a história de Edson Godoy Bueno e seu modo de encarar os negócios por si só representam uma lição de empreendedorismo aos mais de 200 executivos do setor presentes no Saúde Business Forum deste ano. Fundador da Amil, maior operadora de planos de saúde da América Latina e atualmente maior controlador do grupo Dasa, Bueno saiu de Guarantã, uma cidade pequena do interior paulista, guardando alguns valores que carrega e ensina até hoje: o de não cultivar inimigos, o de dividir sonhos e batalhar por eles.

“Procuro fazer uma vida de relacionamentos e a competição tem que existir para a gente se aprimorar, mas nunca com inimigos. Não dá para construir o futuro atacando as pessoas”, disse o empresário, que hoje integra o conselho de administração da norte-americana UnitedHealth, que comprou o grupo Amil por R$ 6,5 bilhões no final de 2012.

Filho de Leontina, dona de casa e analfabeta, Bueno aprendeu logo a se virar para ganhar dinheiro. Foi engraxate, vendedor de abacate, laranja, mas não queria saber de estudar. Ele mesmo afirma hoje que “enquanto a pessoa não tiver interesse, ela é medíocre”. E foi aos 14 anos, ao ser bem tratado por um médico, que a medicina despertou o grande sonho que até hoje alimenta seus passos: “ainda quero ajudar a medicina do nosso País a ser de 1° mundo”, entoou aos 71 anos para uma plateia lotada de gestores do setor da saúde.

A partir desta decisão, sua trajetória foi de ascensão. Formou-se médico aos 28 anos pela Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, atual UFRJ e mais tarde assumiu o comando de uma unidade com 250 m² chamada Casa de Saúde São José, em Duque de Caxias, uma das regiões mais pobres da Baixada Fluminense.

Atento às necessidades das pessoas, algumas medidas foram tomadas na época, como uma Kombi para transportar as mães e os recém-nascidos, cursos para gestantes, distribuição de fraldas e de pão com mortadela. “Aqueles 25 leitos foram transformados em uma maternidade, depois passou a contemplar mais especialidades e, em cinco anos, tínhamos 70% do mercado”, lembrou.

Dali pra frente os planos se tornaram mais ambiciosos. Influenciado pelo sucesso da Golden Cross, liderada pelo Milton Soldani Afonso, o empresário decidiu criar a Amil Assistência Médica em 1978, que rapidamente se expandiu com estratégias de marketing inovadoras. Outro divisor de águas em sua trajetória aconteceu em 2007, quando a Amil decidiu abrir capital na Bolsa de Valores e, mais recentemente, quando foi comprada pela gigante UnitedHealth, que atende 85 milhões de pessoas no mundo e possui faturamento de US$ 122 bilhões.

Ter uma visão compartilhada é a receita do executivo para que as decisões sejam acertadas. “A gente tem que colocar todo mundo junto. O Edson sozinho não tem visão. É preciso sentar na mesma sala, dividir os problemas e pensar para onde vamos e o que queremos da nossa empresa? E todos têm que estar com as mesmas motivações, senão é impossível ir para qualquer lugar”, explica Bueno, acrescentando outro atributo importante para o gestor: liderar pelo exemplo.

“Eu continuo levantando às 5h30 e indo deitar à 1h00. O lema não é vestir a camisa, é engolir a camisa, e as pessoas da United são iguais”, disse, deixando claro que não espera que o Brasil dê certo pelas mãos do governo. “Nós empresários podemos fazer coisas excepcionais neste país”.

Em conversa com a presidente Dilma Rousseff, o executivo contou ter defendido a possibilidade do capital estrangeiro investir em hospitais. “Penso no que é melhor para o Brasil, afinal, eu não vou para o cemitério com nenhum tostão. O dinheiro nunca foi o mais importante, o sonho sempre esteve na frente”.