Há poucos meses a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu a vasectomia no rol de procedimentos obrigatórios de cobertura pelos convênios médicos, sob a exigência de não se aplicar o método em homens com menos de 25 anos e com menos de dois filhos.
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Tal medida veio colaborar com a necessidade de milhares de brasileiros que antes tinham de recorrer a métodos contraceptivos nem sempre tão seguros ou confortáveis, especialmente para os homens.
A vasectomia é realizada há vários anos no mundo inteiro, com maior ou menor aplicação, dependendo dos fatores culturais de cada país. No Brasil é difícil precisar quantos homens foram esterilizados por esta técnica. Mas a procura pelo método vem crescendo na última década e, segundo o Ministério da Saúde, nos últimos 10 anos, o número de homens que se submeteram à esterilização na rede pública aumentou quase 60 vezes.
Desde 1996 é possível realizar laqueadura de trompas e vasectomia pela rede do Sistema Único de Saúde. Até 2006 foram realizadas pelo SUS 72.166 vasectomias e 213.115 laqueaduras.
Por outro lado, a divulgação e os investimentos neste campo têm sido feitos. Há mais de um ano o Ministério da Saúde elevou o valor do procedimento na rede pública de R$ 20 para R$ 123,00.
O medo e os tabus ligados a área da sexualidade são os fatores mais freqüentes de recusa masculina pelo procedimento. Ressalta-se que a fraca adesão dos brasileiros é devido ao preconceito, pois muitos homens costumam associar a realização do procedimento à impotência sexual. Porém, a vasectomia não interfere na sexualidade masculina, bem como não apresenta associação com aumento de câncer de próstata nos pacientes.
No mundo, alguns países são famosos por realizarem esta cirurgia como principal método contraceptivo, como China e Índia. Na Europa, a Inglaterra lidera, com cerca de 16% da população masculina se submetendo à técnica. Nos Estados Unidos, são aproximadamente 13%. Caso raro é a França, com apenas 1% de procedimentos.
A vasectomia consiste na interrupção cirúrgica dos canais (vasos) deferentes ao nível do escroto para a esterilização definitiva do homem. É o método anticoncepcional mais eficiente e com menos efeitos colaterais de que dispomos.
Não necessita internação, é realizada sob anestesia local, com duração média de 15 minutos, sendo raras as complicações quando realizadas por urologistas ou cirurgiões experientes. Da mesma forma, as falhas do método não atingem 1%.
Outro aspecto importante da vasectomia é que ela é sempre reversível, por meio de microcirurgia de recanalização dos canais deferentes, mas a taxa de sucesso de nova concepção espontânea cai com o passar dos anos, sendo de mais 50% de sucesso até os cinco anos de ligadura.
Tanto no Brasil como no mundo todo, homens que casam pela segunda vez têm interesse por filhos com a nova companheira. De acordo com o Vasovasostomy Study Group, aproximadamente 75% dos indivíduos que desejam a reversão da vasectomia são os que estão em um novo relacionamento, enquanto apenas 10% são homens que desejam ter mais filhos com a mesma parceira. O restante procura a reversão por motivos religiosos ou perda de filhos, entre outros.
Enfim, a vasectomia é um método contraceptivo seguro, reversível e, agora, mais acessível.
* Arnaldo Cividanes é mestre em Urologia pela Escola Paulista de Medicina, Fellow do International College of Surgeons in Urology e Diretor Médico do Centro Especializado em Cirurgias Minimamente Invasivas (CECMI)/SP.
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