O mercado de medicina diagnóstica cresceu estimados 8,3% em comparação ao ano anterior, sendo puxado pelo maior crescimento do setor privado, com cerca de 12% de crescimento.
A saúde suplementar tem cobertura de 26% da população de nosso país, com cerca de 45 milhões de beneficiários de planos médicos. Esta população foi responsável por 50% dos 1,4 bilhão de exames diagnósticos realizados no ano passado, porém respondeu por cerca de 74% das receitas geradas, R$ 13,9 bilhões.
Essa significativa diferença possui 2 importantes pontos de atenção: a maior utilização dos procedimentos diagnósticos pelos beneficiários de saúde privada e o seu ticket médio.
Uma pessoa que esteja no sistema suplementar privado realiza em média 3,1 vezes mais exames que um indivíduo dentro do SUS. Tal variação pode ser sustentada pelo difícil acesso aos procedimentos no setor público (filas de espera) e também pelo uso indiscriminado no ambiente privado; além da maior remuneração unitária neste último.
Este ciclo fomentou as falhas de mercado hoje observadas no setor de
saúde criando ambientes pouco propícios de crescimento sustentável, com intensa pressão por preços e trade-off?s constantes. Diferentes fatores apontam para esse modelo de utilização, como a facilidade de obter informação nos dias de hoje por parte dos pacientes ocorrendo em pressão de solicitação de exames, o objetivo de documentação e resguardo por parte dos médicos solicitantes, a velocidade da geração de conhecimento que nem sempre é acompanhada por todos e o fato de que a tecnologia médica não necessariamente é substitutiva.
Diversas projeções presentes em nosso setor apontam para um maior crescimento da saúde suplementar, pautado pelo maior número de empregos formais e aumento da renda média da população brasileira. Neste caso, uma pessoa que saia do setor público e adentre no sistema privado passará a realizar um número maior de procedimentos.
Acrescenta-se a isso, o acelerado envelhecimento da população, também utilizando algo como 3 vezes mais o setor diagnóstico quando comparado a um adulto jovem. A proporção dos diagnósticos nos custos em saúde deve sair de 15% para próximo a 20% nos próximos 10 anos.
Desta forma, esta projeção de aumento significativo no volume de exames diagnósticos realizados em nosso país criará pressão por diferentes necessidades ao setor, relacionadas principalmente ao amadurecimento do sistema como um todo, direcionando esforços
para a revisão de modelos de remuneração que somem valor a todas as partes, para o uso direcionado e com maior racionalidade dos procedimentos diagnósticos pautado principalmente por evidências científicas e pelo uso mais amplo de ferramentas de gestão que eliminem os desperdícios de todo o setor e fomentem o real valor agregado aos usuários. Há muito que nos preparar!