O Laboratório de Bioengenharia, Materiais e Mineralização Biológica (LBMM), da Faculdade de Odontologia de Bauru (SP), ligado ao Núcleo de Terapia Celular de Doenças (Nucel), do Instituto de Química da USP, desenvolve uma técnica para produzir tecido ósseo para enxertos a partir de ossos e pericárdio (membrana que envolve o coração) bovinos. Segundo o professor José Mauro Granjeiro, chefe do Departamento de Ciências Biológicas da FOB, já existem polímeros importados que podem ser utilizados com essa finalidade, porém a produção é encarecida.
O núcleo trabalha com essa técnica há 13 anos. O princípio é o de que, para cultivar os osteoblastos (células que produzem o osso) é necessário uma superfície em que eles possam se multiplicar e onde são aplicadas proteínas que provocam seu desenvolvimento.
Os dois tipos de suporte que estão sendo testatodos atualmente – ossos e pericárdio são conseguidos por um preço baixo. Até o ano passado, o grupo vinha pesquisando somente os ossos bovinos como matrizes para os osteoblastos. Porém, percebeu-se que esse suporte continha um resíduo tóxico, que impedia a multiplicação das células. E o pericárdio mostrou-se como uma nova possibilidade.
O laboratório continua a pesquisa com os ossos bovinos e já eliminou o resíduo que atrapalhava o desenvolvimento dos osteoblastos. Em 2004 o núcleo poderá propor à Comissão de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, a aplicação do estudo.
Aplicações
A pesquisa pode ser utilizada em fraturas extensas que necessitam de um enxerto para a recomposição do osso. Para uma fratura ser considerada extensa, depende do tamanho, do tipo da lesão e do osso que afetou. Na base da mandíbula, ela é extensa quando há perda de três a quatro centímetros; no fêmur, de dez a 15 centímetros.
A técnica poderá ser empregada em lesões de cabeça e pescoço e na ortopedia. O procedimento de criação dos osteoblastos leva de 30 a 60 dias para ser concluído. Por isso, não pode ser utilizada em cirurgias de urgência.