Pesquisadores da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram um software que detecta expressões faciais relacionadas à sensação de dor em recém-nascidos, que poderá auxiliar no cuidado com os bebês, possibilitando intervenções mais ágeis e precisa.

A pesquisa foi conduzida por Ruth Guinsburg com apoio da FAPESP e, de acordo com ela, a ideia surgiu a partir da dificuldade enfrentada por cuidadores de recém-nascidos em unidades de terapia intensiva (UTI) no reconhecimento e na avaliação dos sinais de dor.

“Essa subjetividade acaba dificultando eventuais intervenções, já que há uma série de fatores que podem levar o recém-nascido a demonstrar certos incômodos nem sempre relacionados a dor. A pesquisa viabiliza um instrumento útil para monitorar a dor do bebê na rotina das unidades neonatais”, disse à Agência FAPESP.

Em crianças que ainda não adquiriram linguagem oral, o reconhecimento da dor é feito com base em indicadores comportamentais e fisiológicos, como respostas motoras simples, expressões faciais e choro.

Este software foi desenvolvido com base na escala Neonatal Facial Coding System (NFCS), amplamente utilizada no reconhecimento dos movimentos faciais de dor, convertida pelos pesquisadores em linguagem de computador com a colaboração do Departamento de Informática em Saúde (DIS) da EPM e de profissionais da Universidade de Mogi das Cruzes.

oram identificadas 5.644 imagens, uma média de 188 por recém-nascido. Em seguida, os pesquisadores testaram a concordância entre as análises do software e as de seis profissionais de saúde experientes no reconhecimento da dor neonatal, com especialização em neonatologia. Foram comparadas três imagens de cada bebê: duas registrados no período de repouso, sem dor, e uma durante procedimentos dolorosos.

“Observamos que o software não detectou expressões de dor em 85% das imagens feitas enquanto os bebês repousavam, sem que estivessem sendo submetidos a qualquer procedimento doloroso. Já durante a realização dos procedimentos, em 100% das imagens foram detectadas expressões de dor pelo programa, enquanto alguns profissionais as identificaram em apenas 77% das fotografias”, contou Guinsburg.

Fonte: Agência FAPESP

Foto: Susana Schmitz Fotografia