A Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Unicamp, de São Paulo, desenvolveu um software que simula a ação de nanorrobôs, equipamento de proporções microscópicas, com tamanho seis vezes menor que um glóbulo vermelho, capaz de possuir múltiplas aplicações como disponibilizar drogas e fármacos ao nível de células e realizar cirurgias minimamente invasivas. O projeto foi desenvolvido por Adriano Cavalcanti, aluno de doutorado do Departamento de Microondas e Ótica. O Nanorobot Control Design (NCD) trata-se de um simulador em três dimensões, cujos módulos são capazes de projetar as condições físicas, rodar o programa de controle do nanorrobô e determinar suas ações, além de gravar seu comportamento para análise posterior.
A medicina será a grande beneficiada pela nanotecnologia em um curto espaço de tempo. Atualmente, o software é usado para monitorar níveis nutricionais e, conforme a necessidade, os nanorrobôs capturam e manipulam biomoléculas em nutrientes que, posteriormente, serão injetadas em áreas preestabelecidas, conforme ordem de demanda.
O modelo de nanorrobô com o qual Cavalcanti está trabalhando tem tamanho de 1.000 nanômetros, o mesmo que 1 micrômetro. Composto por um propulsor, um sensor de contato, barbatanas e sensores acústicos, é projetado para se movimentar em líquidos viscosos e quimicamente agressivos, desviar de obstáculos, além de evitar um ataque do sistema imunológico do corpo humano. Uma alternativa que está sendo investigada é a de recobrir o corpo do robô com uma proteção de diamante.
As barbatanas e os sensores acústicos indicam a direção a ser seguida pelo robô, evitando, dessa maneira, um choque ou uma mudança de curso não programada. O sensor de contato é o responsável pela entrega do material à molécula.
O trabalho desenvolvido por Cavalcanti tem despertado interesse de vários pesquisadores e, também, de empresas e instituições internacionais. Desde agosto de 2002, o pesquisador desenvolve trabalho em parceria com Robert Freitas Jr., pesquisador sênior do Institute for Molecular Manufacturing, da Califórnia (EUA), na construção de nanorobôs aplicados ao combate de diabetes.
O objetivo desse trabalho é fazer com que o robô seja guiado até a medula óssea, capture células-tronco e as leve até o pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina no corpo humano. A empresa Hewlett-Packard, de Palo Alto, também da Califórnia, demonstrou interesse na implementação e design de sistemas de controle em nanorrobótica e, em outubro de 2003, firmou parceria que já tem como resultado a validação de estratégias de movimento otimizado, prosseguindo com uma investigação de técnicas de comunicação coletiva entre nanorrobôs.
Outro projeto, em parceria com os Departamentos de Engenharia Biomédica e de Mecânica dos Fluidos da Universidade de Telaviv (Israel), teve início em maio deste ano. Trata-se de adotar nanorrobôs aplicando-os na resolução de problemas cardiovasculares. Já foi desenvolvida uma modelagem computacional capaz de observar o comportamento dos nanorrobôs nesse caso específico. A finalidade é fazer com que eles atuem dentro dos vasos sangüíneos que circundam o coração, visando a substituição de processos cirúrgicos de pequeno porte como, por exemplo, o desentupimento de artérias.
Mais informações sobre os trabalhos e pesquisas podem ser obtidas através do site Nanorobotdesign
Unicamp desenvolve software que simula ação de nanorrobôs
Medicina será a principal área beneficiada pela tecnologia de robôs de proporções microscópicas, com tamanho seis vezes menor que um glóbulo vermelho
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