Novos estudos apontam que, pela primeira vez, um tratamento para esclerose múltipla permitiu que os pacientes apresentassem redução de volume cerebral comparável a de pessoas sem a doença. Normalmente, esses pacientes têm redução do volume cerebral entre três e cinco vezes mais rápida e, como essa perda está relacionada diretamente à incapacidade física e cognitiva, esse resultado representa um avanço significativo no tratamento da doença.
“Nos últimos anos a avaliação da atrofia cerebral através de exames de ressonância magnética vem sendo reconhecida como um fator marcador da progressão da doença”, explica Dr. André Matta, professor e responsável pelo Setor de Neurologia e Imunologia, da Universidade Federal Fluminense (UFF). “Esses resultados são surpreendentes e trazem uma nova perspectiva de qualidade de vida para os pacientes, já que quanto menos massa encefálica eles perdem, menor deverá ser o impacto da doença na vida deles”, reforça o médico.
Os estudos FREEDOM e FREDOM II demonstraram ainda que os pacientes em uso de fingolimode – único tratamento oral comercializado no Brasil, sob o nome de Gilenya™ – apresentaram diminuição de quase 50% de surtos em comparação aos que fizeram uso de placebo. Houve ainda redução de 69% de lesões no cérebro e queda de 49% da perda de volume cerebral e de 45% da progressão de incapacidade, em comparação aos que utilizaram placebo. O medicamento já foi utilizado por mais de 90 mil pacientes em todo o mundo.
Sobre a Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla atinge cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo e, ao contrário do que muitos ainda acreditam, os pacientes são geralmente jovens, em especial mulheres de 20 a 40 anos. A doença é neurológica, crônica e autoimune – ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais. Embora a causa da doença ainda seja desconhecida, a EM tem sido foco de muitos estudos no mundo todo, o que têm possibilitado uma constante e significativa evolução na qualidade de vida dos pacientes.
O diagnóstico é basicamente clínico, e deve ser complementado por ressonância magnética. Os sintomas mais frequentes são fadiga, formigamentos, perda de força, falta de equilíbrio, espasmos musculares, dores crônicas, depressão, problemas sexuais e incontinência urinária. Hoje, no Brasil, já existem diversas opções de tratamento, através de cápsula oral diária ou injeções diárias, semanais e mensais.