A herança germânica continua forte do Hospital Moinhos de Vento por meio de características como a organização e a disciplina financeira. Tais aliados transformaram o então chamado “Hospital Alemão”, fundado em 1927 para atender a comunidade advinda da Alemanha e seus descendentes, em um hospital filantrópico e com uma gestão totalmente profissionalizada. O reconhecimento do público pode ser medido pela taxa média de internação, de cerca de 76%, e  com 84,3% de ocupação em UTI.  “Estamos trabalhando com casa cheia há muito tempo”, conta o superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, João Polanczyk. Já a qualidade do atendimento foi confirmada com a creditação pelo organismo norte-americano Joint Commission International (JCI) em 2002, 2005 e em 2008. Todos estes fatores, no entanto, têm gerado uma boa dor de cabeça aos gestores do hospital localizado em Porto Alegre (RS): a falta de leitos.

Para lidar com essa demanda crescente, o hospital revisou nos últimos anos o seu posicionamento estratégico e passou a focar em pacientes exigentes e bem informados, e, consequentemente, no aumento da quantidade serviços prestados e no número de leitos. Para viabilizar esses planos, além de controlar seu orçamento, despesas e qualidade por meio do Gerenciamento Matricial de Despesa , o Hospital Moinhos de Vento começou a desenvolver um projeto de viabilização financeira. Os planos são de captar recursos internacionais, algo inédito na história do hospital, do Banco Mundial e de um banco alemão e então aplicar em novos serviços e compra de equipamentos para diagnóstico. “O hospital tem condições de pedir um financiamento deste escalão por manter uma gestão financeira saudável e serviços qualificados. Calculamos um aumento de receita de 10% para 2009 e nos próximos anos.” O interesse do Moinhos de Vento em recursos estrangeiros é derivado, segundo o superintendente executivo, da falta de recursos nacionais, além de tentadores custos menores e com mais prazo oferecidos fora do Brasil.

Negociação com operadoras

Dentro desse processo de crescimento do Hospital Moinhos de Ventos, a unidade também passou a encarar de frente uma das questões mais complicadas entre as instituições: a relação com os planos de saúde. Há três anos foi iniciado um processo de negociação com as operadoras de saúde, que representam 80% do faturamento de R$ 230 milhões registrados este ano. Uma das primeiras ações foi a associação com mais quatro hospitais de Porto Alegre, que juntos representam cerca de 75% dos negócios da Unimed na capital, o principal cliente nos negócios do Moinhos de Vento. Com poder de barganha, os cinco hospitais fecharam tetos com a cooperativa e cada uma das unidades passou a negociar diretamente casos particulares. Para o superintendente executivo, esse processo tem garantido uma melhor comunicação com as fontes pagadoras, que por estarem localizadas especialmente na região Sudeste, acabam alienadas das problemáticas locais.

Um dos primeiros resultados dessas negociações já pode ser sentido no financeiro do hospital. Embora o percentual de entrada por meio de remédios tenha se mantido na casa dos 28% nos últimos anos, há registro de que a remuneração por próteses e órteses tenha caído em virtude do aumento das diárias e taxas. “Essa mudança é resultado de um trabalho árduo de negociação nos últimos três anos com as seguradoras. Deixamos de ganhar pelas próteses e órteses, para nos focarmos no que realmente diferencia um hospital dos demais: a prestação de serviço”, avalia Polanczyk. Outro fator importante é em relação à glosa, que gira em torno de 2,5% no Hospital Moinhos de Vento – considerada aceitável no mercado de saúde, mas que para o superintendente executivo ainda pode diminuir significativamente. “É preciso uma equipe que entenda profundamente do assunto e que lute por nossas metas de glosa. O monitoramento é constante”, avisa o superintendente que ainda carrega na gestão administrativa-financeira as características germânicas históricas do Hospital Moinhos de Vento.

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