Brasil ainda apresenta doença ocular já erradicada em países como México, Marrocos e Omã

Uma doença pouco conhecida é uma relevante causa de cegueira no mundo. Trata-se do tracoma, infecção ocular que atinge 40 milhões de pessoas no planeta. Segundo publicação da Organização Mundial de Saúde (OMS), do total 8,2 milhões ainda apresentam sequelas que provocam lesões na córnea e mais 1,3 milhão ficam cegas anualmente.

No Brasil, o tracoma é encontrado em todas as regiões, sendo que em estados como Ceará, Piauí, Pernambuco, Bahia e Tocantins a incidência é maior. Segundo Dr. Edney de Resende, do Hospital Oftalmológico Pacini, a doença está presente onde há grande concentração populacional e precariedade no saneamento básico, além de baixo nível educacional. A presença de insetos vetores, deslocamentos populacionais e outras doenças oculares são fatores de contaminação e proliferação.

Durante o século XIX, a doença era usual nos Estados Unidos e na Europa. Depois de melhorias em higiene e abastecimento de água, ela foi erradicada. “Estratégias como as utilizadas em países de primeiro mundo são eficazes para eliminar o tracoma. Estudos publicados referem menor risco para o desenvolvimento entre as crianças que lavam regularmente o rosto”, diz o especialista. Uma campanha capitaneada pela Organização Mundial de Saúde – GET 2020 – pretende extinguir mundialmente o tracoma dentro de 8 anos. Marrocos, México e Omã já eliminaram a doença com melhoramento ambiental e desenvolvimento humano.

Apesar de não haver vacina, há tratamentos eficazes através de aplicação de pomadas antibióticas contendo tetraciclina ou eritromicina ou por antibióticos de via oral. “Quando o tracoma causa deformidades palpebrais, conjuntivais ou corneanas, a cirurgia pode ser necessária”, explica Dr. Edney.