A indústria farmacêutica descobriu na toxina do caramujo marinho Conus magnum um analgésico mais potente que a morfina e alguns de seus derivados utilizados para aliviar dores crônicas. O peptídeo sofreu algumas modificações estruturais em laboratório. As informações são do Portal Terra.
Aprovado em 2004 pela agência regulatória de alimentos e fármacos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), a versão sintética do princípio ativo do molusco é encarada como um exemplo de como a biodiversidade continua sendo uma fonte inesgotável de novas arquiteturas moleculares para o desenvolvimento de novas drogas, produtos cosméticos e agroquímicos.
Segundo o Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a maioria das novas entidades moleculares existentes hoje é é derivada ou inspirada completamente em produtos naturais. E afirma que os ambientes terrestre e marinho continuam sendo fontes inesgotáveis de estruturas químicas.
De acordo com a universidade, nos últimos 15 anos houve especulações de que os produtos naturais deixariam de interessar à indústria farmacêutica, pois este setor dispõe de várias técnicas para o desenvolvimento de novas drogas.
Porém, os produtos naturais continuam despontando como fontes de ideias, já que forneceram modelos inéditos de estruturas químicas para o desenvolvimento de novas substâncias bioativas.
Levantamento internacional
De acordo com um recente levantamento internacional, dos 847 fármacos de baixo peso molecular (micromoléculas) lançados no mercado entre 1981 e 2006, 43 eram produtos naturais, 232 produzidos por hemissíntese (parte de sua estrutura é derivada da natureza e a outra parte desenvolvida em laboratório) e 572 obtidos por síntese total, dos quais 262 eram inspirados em produtos naturais ou poderiam ser considerados análogos de produtos naturais.
Lançado em 2002 sob a marca Orfadin, a nitisinona (composto ativo descoberto por farmacêuticos suíços da planta Callistemon citrinus L. Myrtaceae) é um exemplo de produto micromolecular. O medicamento auxilia no tratamento de um raro distúrbio metabólico chamado Tirosinemia Hereditária Tipo 1.
Morfina
Descoberta a aproximadamente 200 anos atrás, a morfina é uma substância narcótica e sintética (produzida em laboratório), derivada do ópio retirado do leite da papoula. A descoberta foi isolada pela primeira vez em 1804 pelo farmacêutico alemão Friedrich Wilhelm Adam Serturner, da Papaver Somniferum.
O medicamento é considerado de grande utilidade na medicina, pois é usado como analgésico em casos extremos (traumas, partos, dores pós-operativas e graves queimaduras). A morfina é introduzida por via oral, subcutânea, intramuscular ou intravenosa, sendo que a superdosagem pode resultar em danos graves ao paciente.