Uma polêmica recente na saúde é a regulamentação da telemedicina. Os defensores afirmam que se trata de recurso já amplamente usado na assistência médica atual, como, por exemplo, na troca de mensagens e no compartilhamento de fotos via celular para o pedido de opinião. Os opositores entendem que os atendimentos de saúde mediados pela tecnologia promovem a quebra da relação pessoal entre médicos e pacientes e prejudicam moradores de municípios distantes – que correm o risco de passar a vida sem ver um profissional de carne e osso. Os argumentos são consistentes de ambos os lados e é consenso que são necessárias adaptações.Inicialmente, deve-se reconhecer que a telemedicina é parte da realidade. Se não olharmos para as soluções digitais na saúde, não estaremos olhando para todas as soluções. Ao mesmo tempo, no recentemente lançado livro The Revolutionary Scientific Evidence that Caring Makes a Difference (em tradução livre é A Revolucionária Evidência Científica de que Cuidar Faz a Diferença), os médicos Stephen Trzeciak e Anthony Mazzarelli trazem um conjunto robusto de dados científicos que mostram que a compaixão modifica desfechos.Empatia é a capacidade de o indivíduo sentir e compreender a emoção de outras pessoas, a compaixão envolve fazer algo mais, envolve ação. Conforme os autores, bastam 40 segundos de esforço em ouvir, confortar, demonstrar vontade de ajudar, que níveis de ansiedade são reduzidos. Vários desfechos foram estudados em centenas de publicações, desde controle de dor, diabetes, necessidade de hospitalização e, um dos mais interessantes, redução do estresse do próprio profissional de saúde.Em resumo, usar o tempo para uma atividade simples e nobre beneficia a todos. Da mesma maneira que o progresso tecnológico é inexorável, os robôs não substituirão os médicos. Os cenários não são mutuamente excludentes. A tecnologia não só deve conviver com bom atendimento médico como também pode ajudar o profissional a focar naquilo que mais importa: cuidar bem de outro ser humano.