De acordo com dados do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares – infarto do coração e derrame – são a principal causa de morte do país, totalizando 30%. Estudos iniciais feitos no Brasil pelo Hospital do Coração, em São Paulo, indicam que uma superpílula, que reúne num único comprimido quatro medicamentos, promete reduzir até 60% os riscos de uma pessoa sofrer infarto ou derrame, além de controlar o colesterol e a pressão arterial. “A proposta é válida, mas precisamos tomar cuidado com a segurança de utilizarmos esse medicamento sem respeitar a individualidade da saúde de cada paciente”, destaca o cardiologista Bruno Ganem, do Centro de Medicina Avançado Amil Total Care, em Brasilia.

A superpílula combina duas substâncias para tratar a pressão arterial, uma para baixar o colesterol e uma para afinar o sangue. A pesquisa, que está em segunda fase, já comprovou a eficácia preventiva do remédio. Agora será necessário testar a medicação em pessoas que já tiveram problemas cardiovasculares. Cerca de 2 mil brasileiros que sofreram infarto ou derrame testarão o produto em 22 hospitais do País. “Não podemos considerar a superpílula uma fórmula milagrosa. Ela ainda está em fase de testes. Acredito que seja interessante em casos selecionados, mas não em ampla escala. Seria saudável que as pessoas ancorassem seu tratamento em atividade física, que traz muito mais benefícios”, acrescenta Dr. Bruno.

Hoje, para prevenir que pessoas portadoras de doenças cardiovasculares tenham novos eventos ou complicações, é necessário a adoção de hábitos de vida saudável: parar de fumar, adequado controle do estresse, prática de atividade física regular e dieta equilibrada. O tratamento envolve mudanças de estilo de vida e acompanhamento médico regular, com uso de medicações para controlar hipertensão, diabetes, colesterol, além de aspirina – medicação para afinar o sangue e prevenir novos episódios de infarto ou derrame. Para completar, Dr. Bruno é enfático: “O tratamento deve ser individualizado, conforme necessidades de cada indivíduo”.

Segundo a pesquisa, a facilidade maior da superpílula será manter o tratamento, pois ao invés de tomar quatro comprimidos, o paciente necessitará de apenas uma dose por dia. O Ministério da Saúde aguarda os resultados da pesquisa para incluir o medicamento na lista de remédios distribuídos gratuitamente – o que deve ocorrer em 2013. No mundo, cerca de 8 mil pessoas receberão a superpílula. Segundo o diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração e coordenador nacional da pesquisa, os estudos estão em fase regulatória nos comitês ético hospitalares e na Anvisa e aguardam aprovação.