Caros,

A incidência de obesidade continua crescendo a níveis epidêmicos, em especial no mundo corporativo. Após o filme Super Size Me de 2004, um número crescente de corporações vem adotando ações de medicina preventiva e wellness com o objetivo de reduzir o custo da saúde (tanto direto como indireto com afastamentos e aposentadorias precoces) e melhorar a vida dos seus funcionários (como preocupação com a produtividade e como um benefício adicional de retenção de talentos – hoje preocupados em levar uma vida longêva e equilibrada). Hoje o profissional não tem tempo mais para frequentar diversos médicos e fazer seus exames periódicos, o que em algumas situações toma um período ou um dia inteiro de trabalho para sua realização. O cuidado hoje tem que ser cada vez mais conveniente (acessível e rápido principalmente). Para os interessados nessa mudança de postura, recomendamos o livro Market-Driven Health Care, da professora Regina Herzlinger, da Harvard Business School, que esteve ano passado no Brasil para a HSM ExpoManagement.

Fernando Cembranelli & Vitor Asseituno

Equipe EmpreenderSaúde

Empresas criam ações para reduzir número de executivos obesos

Vívian Soares | De São Paulo

28/03/2011

LAtilio Pasin foi um dos 157 participantes de um programa do Itaú que reduziu meia tonelada dos funcionários

A evolução dos índices de sobrepeso e obesidade entre os profissionais tem preocupado as companhias brasileiras. Com o objetivo de estimular seus colaboradores a investir em um estilo de vida mais saudável, as empresas estão apostando em estratégias que vão desde programas de orientação nutricional e dietas até a redução de bônus- caso os executivos não cumpram “metas” de emagrecimento. Além da redução de peso, as ações incluem o monitoramento de índices como colesterol, glicemia e estresse. Segundo os headhunters, alguns contratantes associam sobrepeso à falta de dinamismo e de disciplina profissional.No Grupo Algar, holding do setor de serviços com mais de 20 mil funcionários, a solução encontrada para estimular os executivos a melhorar a qualidade de vida foi vincular parte do bônus anual a metas de saúde. O vice-presidente de talento humanos, Cícero Domingos Penha, afirma que o programa atende hoje 250 gerentes e diretores. O objetivo, no entanto, é estendê-lo a todos os colaboradores. “As metas são definidas anualmente com os profissionais. Quem não conseguir algum progresso, pode perder até 10% do bônus.”

Além da avaliação de indicadores clínicos e físicos, o programa inclui consultas com psicólogos e psiquiatras, uma vez que estresse e depressão também estão no alvo da companhia. A estratégia deu resultado: apenas nove executivos não cumpriram suas metas no ano passado. Em 2002, quando o plano começou, 70% estavam nos grupos de risco. Hoje, o índice é de 23,2%.

Na opinião de Rodolfo Milani, médico consultor da Aon Hewitt, vincular parte da remuneração variável a metas de saúde é um incentivo adotado com cada vez mais frequência pelas organizações.

Pesquisas anuais realizadas pela consultoria destacam que as taxas de sobrepeso e obesidade nas empresas no Brasil variam entre 40% e 60%. “É um índice alarmante, e que apresenta tendência de crescimento”, afirma. De acordo com um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em outubro de 2010, os gastos com planos de saúde e cuidados médicos de uma pessoa obesa são, em média, 25% maiores que os de indivíduos com peso normal. O levantamento revela também que profissionais obesos ganham, em média, salários 18% menores.

No Itaú Unibanco, uma pesquisa do programa de nutrição interno mostrou que 61% dos 605 funcionários atendidos no ambulatório do banco em 2010 apresentavam excesso de peso. Graças a um programa da companhia de 2004 realizado em uma parceria com o Vigilantes do Peso, para estimular a adoção de hábitos saudáveis e dieta equilibrada, 157 profissionais conseguiram emagrecer.

Ao todo, eles perderam no ano passado 427 quilos. “Foi um recorde”, comemora Angelo Dias, superintendente de saúde ocupacional do Itaú. A participação é facultativa, mas a instituição investe fortemente em campanhas educacionais sobre o tema. “O maior impacto sobre o plano de saúde da companhia é em relação a doenças cardiovasculares, que podem ser associadas ao sobrepeso.”

O superintendente de segurança Atilio Pasin, de 59 anos, é um dos participantes do programa no Itaú Unibanco. Depois de tentar emagrecer por conta própria sem sucesso, decidiu participar das reuniões do Vigilantes do Peso dentro do banco, incentivado pelos bons resultados de um colega. Após quatro meses de reeducação alimentar, Pasin perdeu 12 quilos e chegou aos atuais 80. “Já me tornei um exemplo para outros funcionários. Muita gente se interessa pelo programa quando vê o quanto eu emagreci”, diz.

As restrições no mercado de trabalho para quem está acima do peso são muitas. Celso Malachias, sócio da empresa de recrutamento DNA Hunter, afirma, porém, que o preconceito nunca é explícito. Segundo ele, as empresas podem relacionar os quilos a mais com falta de energia e proatividade. “Existe uma crença de que um profissional que não tem autocontrole na alimentação, por exemplo, pode não ser eficiente em disciplinar uma equipe”. O headhunter, porém, acredita que é preciso desfazer o mito. “O que deve ser avaliado é se a competência técnica e comportamental é adequada ao que o cliente está buscando. Questões relacionadas ao peso não deveriam ser relevantes em uma contratação.”

A gerente nacional do Vigilantes do Peso, Fernanda Fernandes, afirma que, nos últimos quatro anos, as parcerias com empresas cresceram em média 50% ao ano. Segundo ela, antes o interesse era pontual e restrito apenas a grandes corporações.

Hoje, mais de 50 companhias de todos os portes oferecem o programa de 12 semanas patenteado pela instituição. Fernanda afirma que muitas empresas dizem sofrer com os custos e os transtornos causados pelo excesso de peso dos funcionários. “No entanto, muitos deles têm essa condição justamente por conta do estresse e dos hábitos alimentares adquiridos no próprio trabalho.

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