A edição 2012 no Programa Saúde na Escola, com foco na prevenção da obesidade infantil, deverá demandar uma revisão no comportamento dos pais. Isso é o que defende Dra. Joana Lucyk, mestre em Nutrição Humana pela UnB e diretora da Saúde Ativa Nutrição e Qualidade de Vida – em Brasília. “Para que as crianças estabeleçam hábitos alimentares saudáveis, é fundamental que opções adequadas estejam disponíveis em seu próprio ambiente”, ressalta a especialista.
“A dieta da criança é reflexo da adotada pela família”, enfatiza. Ou seja: o contato com alimentos saudáveis é o primeiro passo para que se forme uma dieta que propicie o pleno desenvolvimento dos meninos e meninas. “A criança deve provar diferentes alimentos, mesmo que, inicialmente, em pequena quantidade. Apenas os estímulos visual e olfativo não são suficientes. Por meio da oferta frequente, o condicionamento é favorecido e, com isso, as chances de aceitação crescem”, esclarece Dra. Joana. Para tanto, chegam a ser necessárias entre 10 e 15 apresentações de um alimento, mesmo que com diferentes preparos.
No caso de verduras e legumes, cuja rejeição é usualmente maior, os pais devem evitar contextos negativos, pois as crianças tendem a gostar menos dos alimentos consumidos sob coação. “Não podem ser adotadas recompensas do gênero ‘coma sua salada para ganhar a sobremesa’ e nem ordens como ‘agora dê mais três garfadas’. Nessas situações o controle neuroendócrino da fome e da saciedade pode ser comprometido. “Muitas vezes a criança já está satisfeita e o adulto continua insistindo para que coma. Com o passar do tempo, ela conclui que sua resposta fisiológica não é importante. Portanto, a tendência é que passe a ignorar esses estímulos e se torne dependente para iniciar, continuar e terminar uma refeição. E, quando não aprende a finalizar a refeição, o risco de obesidade aumenta”, explica a nutricionista.
Na Lancheira – Na fase pré-escolar, entre dois e cinco anos, os pais se deparam com mais um desafio: a autonomia que a criança começa a adquirir. “Nesse período, as preferências naturais incluem alimentos com elevada quantidade de carboidratos, açúcar, gordura e sal – ou seja, com elevada densidade energética. Eles estão associados a uma resposta mais rápida à saciedade”, descreve. Para os pais que não fizeram o dever de casa, inserir frutas no lanche dos filhos será ainda mais difícil.
“É certo que o combate ao sobrepeso, que atinge hoje uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos, exige a adoção de políticas públicas. Contudo, os primeiros passos rumo a uma visa saudável acontecem em casa. Quanto mais informados estiverem os adultos, maiores serão as chances das novas gerações atravessarem a vida sem brigar com a balança e experimentar todas as complicações advindas do excesso de peso”, conclui Dra. Joana.