Metade das healthtechs brasileiras tem menos de cinco anos, segundo uma pesquisa da consultoria Distrito. Todas têm sido alvo de aportes expressivos de fundos de capital – particularmente as que surgiram na onda das demandas da covid-19.
Entre as startups, a categoria de operadoras de saúde é reduzida (o modelo predominante é o de gestão e prontuário eletrônico). No entanto, elas fazem barulho no mercado.
Quatro jovens operadoras de saúde lançadas no segundo semestre de 2020 já receberam, somadas, mais de R$ 500 milhões em investimentos: Sami, Alice, Qsaúde e Leve Saúde.
Por meio de plataformas digitais, prometem um atendimento personalizado e coordenado, baseado em prevenção. A atenção primária é o foco. Os clínicos gerais são responsáveis por encaminhar os pacientes a especialistas. Nenhuma oferece uma lista extensa de rede credenciada, como ocorre tradicionalmente, mas um número enxuto de prestadores, sejam médicos, laboratórios ou hospitais.
Público-alvo
O Sami, fundado em 2018 como uma consultoria, tornou-se, após rodadas de investimento, um plano com foco em pequenos e médios empreendedores. O diferencial foi permitir a contratação por uma só pessoa jurídica, condição rara no mercado e com grande potencial de atração de consumidores. No fim do terceiro quadrimestre de 2020, existiam 11,2 milhões de MEIs (Microempreendedores Individuais) no Brasil, segundo dados do governo federal.
Por enquanto, o Sami oferece aos beneficiários acesso ao Hospital BP, onde também conta com uma clínica de atendimento primário, e à rede de laboratórios Labi, ambos na capital paulista, como maiores chamarizes.
Outro plano que começou a atuar por São Paulo é o Alice, que aposta em um produto premium para pessoas físicas. Firmou parceria com instituições como o Hospital Israelita Albert Einstein, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e a rede de laboratórios Fleury. Nas redes sociais, comunica-se de maneira informal, diferente do padrão do setor, uma maneira de dialogar com consumidores jovens e afeitos a experimentar novos modelos de assistência à saúde.
O Qsaúde também trabalha com o prestigiado Albert Einstein. Entre os centros de diagnóstico, incluiu Delboni, Salomão Zoppi e Lavoisier, todos em São Paulo. Sua oferta de planos é mais variada, assim como o valor médio dos tíquetes. Começou no segmento de planos individuais e familiares. Acaba de englobar em seu portfólio os planos empresariais.
Atuando no Rio de Janeiro, o Leve Saúde mira no grupo de pessoas com mais de 45 anos, embora tenha opção empresarial. Cerca de 70% de seus produtos são planos individuais, o restante é voltado para pequenas e médias empresas. A capital fluminense e sua região metropolitana teriam sido escolhidas por concentrarem uma das mais numerosas populações de maduros do Brasil: cerca de 6,3 milhões de pessoas que já passaram dos 40. Como operadoras verticalizadas, tem uma rede própria de clínicas.
O objetivo comum às healthtechs é manter um negócio sustentável, sem comprometer a qualidade da atenção ao beneficiário. Para isso, querem crescer, de olho em quem não tem plano de saúde ou não está satisfeito com os modelos tradicionais.