Na semana passada, recebi a visita de um colega da área regulatória da Colômbia que opera em outros países da América Central e do Sul a tivemos uma conversa muito interessante: ele me confirmou que várias empresas têm deixado de investir no Brasil para iniciar seus trabalhos na América Latina por países como Chile, Colômbia, Venezuela, Equador, Panamá, Peru, Costa Rica e República Dominicana.  O leitor poderá dizer que esses são países muito menores que o Brasil e, portanto, com menor potencial de retorno financeiro. Em outras palavras, menos atrativos. É fato, se os analisarmos de forma isolada. Mas, conjuntamente, somam outro Brasil?

Além disso, na imensa maioria desses países, as empresas começam a operar e a vender seus produtos com muito mais de 12 meses de vantagem sobre o Brasil, o que é bastante significativo em termos de negócios. Afinal, as empresas precisam ter o retorno de seus investimentos em prazos razoáveis. E por que, afinal de contas temos essas diferenças? Simples: porque o nosso sistema é anacrônico, subjetivo e, afinal, perverso.

No Brasil, em cada lugar que se tenta estabelecer uma empresa são exigidos requisitos distintos. Ninguém se entende. Em cidades maiores, a cada visita de um fiscal diferente, abre-se um novo cabedal de exigências subjetivas, descabidas e que acabam por não levar a nada. As Vigilâncias municipais não falam com as estaduais que se sentem abandonadas pela federal. Isso sem contar as outras autoridades que também acabam por exercer forte influência nesse estabelecimento das empresas. E forma-se um tiroteio.

É uma metralhadora nas mãos de um macaco: coisa boa não pode dar. Um excesso irracional de burocracia, gastos e pouco ou nenhum resultado. Isto sem citar a qualidade do tratamento que as pessoas recebem na maioria dos órgãos públicos. Têm-se a impressão que todos os que lá comparecem para pedir informações estão devendo alguma coisa? Como se a população trabalhasse para o Estado e não o contrário.

Bem, o Brasil é grande, atrativo e todos querem estar aqui. Mas com dois anos ou mais para começar a ter o retorno do investimento, tornamo-nos a maçã do amor que todos querem, mas que está guardada atrás de um vidro blindado: o acesso é difícil e custa muito caro.

 Em conclusão, perdem os pacientes que não têm acesso a melhores tecnologias médicas, perdem os profissionais da Saúde, a iniciativa privada e o governo que nessa conta maluca não arrecada? Não está na hora dos nossos diletos políticos e o governo federal se ocuparem do tema? Como esperam que o Complexo Industrial da Saúde progrida esse ambiente cáustico? Que responda quem tiver a faca para desfazer esse nó de

marinheiro criado pela nossa burocracia!