A criação de uma agenda estratégica para o setor, com a participação de todos os players, voltou ao foco das discussões como solução para aprimorar a regulação e ampliar a cobertura de planos de saúde privados.
Para o diretor administrativo do Hospital Mãe de Deus, Alceu Alves da Silva, as lideranças de toda a cadeia de saúde devem definir metas ambiciosas, como a de atingir 80 milhões de beneficiários em cinco anos. “Devemos questionar o que o setor está fazendo para o seu próprio crescimento. Precisamos participar do redesenho das políticas para a saúde suplementar e ampliar a capacidade de negociação entre os agentes da cadeia, por exemplo.”
O superintendente corporativo do Hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina, cita a desigualdade entre os participantes da cadeia como entrave a uma agenda comum e estratégica. “Operadoras e hospitais atuam de forma distinta e, entre os hospitais, as realidades são muito diferentes. Eles não podem ser tratados de forma igual. O País tem leitos sobrando, mas a cobertura é ruim do ponto de vista da necessidade tecnológica. Assim a agenda não vai para frente”, critica.
Apesar de muitos participantes do setor clamarem pela auto-regulação do mercado, sem um órgão regulador, o coordenador do Centro Paulista de Economia da Saúde (CPES), Marcos Bosi Ferraz, defende que uma agência como a ANS se faz necessária. “Um mercado imperfeito, com assimetria de informações e interesses divergentes necessita de regulação, mas é preciso tomar cuidado para não haver atropelo e interferência no sistema, o que pode ser danoso para o setor.”
O presidente do Hospital São Lucas, Pedro Palocci, acredita que a lei 9656/98, que cria a ANS, precisa ser alterada de modo a contemplar o setor hospitalar, já que hoje a agência só regula as operadoras. “Não fomos beneficiados pela regulação e hoje chegamos ao ponto de sermos como financiadores da operadora. Não há dinheiro provisionado para recursos não previstos e nem garantia de recebimento pelo serviço prestado.”
O diretor do Hospital Mãe de Deus faz coro e cita, em sua opinião, um mau exemplo: a Resolução Normativa, que permite que 90% das reservas das operadoras sejam investidas em prédios hospitalares. “Como está hoje, a ANS acaba incentivando a operadora a ser concorrente do prestador de serviço. Se ela não beneficia o prestador, também não pode prejudicar”, conclui.