A Apple parece determinada em se consolidar no segmento da saúde. Após o lançamento do Health e do HealthKit, a companhia se prepara para um novo produto relacionado ao mercado: o relógio da Apple. O dispositivo wearable promete monitorar a saúde, levando a empresa a um novo estágio de crescimento.
O vice presidente de engenhara de software da Apple, Craig Federighi, anunciou que a entrada da companhia nos serviços de monitoração de saúde no Apple Worldwide Developers Conference. Nele, a companhia prometeu trazer ao mercado, no outono americano, um sistema operacional melhorado para smartphones e tablets. O relógio da Apple irá funcionar com o OS, que será equipado para centralizar funções para administrar informações biométricas do usuário via smartphone. Espera-se que o produto esteja à venda em Outubro.
Os detalhes dos serviços ainda serão lançados, porém, especula-se que o produto esteja sendo finalizado, de acordo com fontes da empresa. Possivelmente, o relógio da Apple usará uma curva de diodo emissora de luz orgânica (OLED) tela de touchscreen e coletará dados de saúde, como consumo de calorias, atividade do sono, glicose sanguínea e níveis de oxigênio no sangue. Irá também permitir que o usuário leia mensagens mandadas via smartphone.
A companhia parece confiante com o novo produto. De acordo com um fabricante de peças, a companhia planeja uma saída mensal de 3 a 5 milhões de unidades do relógio da Apple, o que excede as vendas globais de dispositivos de relógio no último ano. A confiança vem da parceria com grandes hospitais, como a Mayo Clinic e a Cleveland Clinic, institutos localizados em Minessota e Ohio, respectivamente, para desenvolver formas específicas de analisar e coletar dados, aplicando-os a um controle de saúde.
A empresa também está em uma parceria com a Nike. De acordo com fontes familiares com o assunto, as duas companhias provavelmente concordaram em integrar seus serviços no futuro. Espera-se que a empresa esportiva eventualmente saia do mercado de dispositivos, para se concentrar em serviços.
Os serviços de monitoramento de saúde existem há algum tempo, mas eles não decolaram realmente, devido à popularidade limitada. O Google, por exemplo, lançou o Google Health, um dispositivo one-stop que administra dados para uso individual, em 2008, e se desfez dele no final de 2011. No Japão, a Omron, uma empresa de equipamentos médicos, teve uma vantagem no setor, porém, limitar serviços a seus próprios dispositivos fez com que ela perdesse oportunidades de expansão do serviço.
John Wald, diretor médico de marketing e assuntos públicos da Mayo Clinic, atribuiu a baixa prevalência dos serviços de monitoração de saúde à falta de dispositivos móveis fáceis de usar. Ele também apontou a coordenação insuficiente com institutos médicos. Esse parece um problema que a Mayo Clinic não terá que enfrentar com a parceria no relógio da Apple.
A Apple está bem posicionada para apresentar um produto fácil de usar, devido às suas capacidades de desenvolvimento focadas em design. Outra ajuda para o futuro sucesso do relógio da Apple é o novo OS, feito para controlar dados relacionados à saúde através de plataformas desenvolvidas por outras empresas.
A empresa espera se conectar a aplicativos de monitoramento de saúde oferecidos por outros para ganhar acesso à uma grande quantidade de dados, como batimentos cardíacos, pressão sanguínea, ciclos de sono e consumo de calorias. Mesmo que trabalhar com dados pessoais necessite devidas considerações, a análise de muitos dados irá permitir que a Apple colabore com uma gama de companhias, nos campos de seguros, medicina, serviços preventivos e propaganda.
Os rivais também estão ampliando sua busca no setor de saúde. A Samsung Electronics lançou um pedômetro OLED que mantém o controle dos batimentos cardíacos, além de passos, através de um sensor de aceleração instalado.
Enquanto isso, a Sony Mobile Communications está procurando oferecer um suporte de vida através da saúde pelo seu SmartBand, lançado mês passado. O dispositivo é desenvolvido para armazenar todos os dados das atividades diárias do usuário e qualidade de sono, até locais, temperaturas e ligações feitas pela pessoa. ”Nós queremos ajudar os usuários a enriquecerem suas vidas”, disse um funcionário da empresa.
A Samsung e a Sony esperam apostar que o lançamento mais cedo de seus produtos será uma força contra o relógio da Apple, porém, quando falamos de distribuição de mercado de smartphones e disponibilidade de aplicativos, a empresa americana tem uma vantagem, com exceção do preço. A maioria dos dispositivos wearable estão sendo vendidos por menos de 193 dólares, porém, é esperado que o relógio da Apple tenha um preço maior do que esse. Se o valor é justo ou não, dependerá da funcionalidade e design do produto.
A Apple tem sido criticada por ter perdido seu espírito de inovação desde que Steve Jobs, o fundador carismático da empresa, faleceu em 2011. A administração prometeu aos investidores e fãs que irá lançar uma nova categoria de produtos no segundo semestre de 2014.
Traduzido e adaptado de: Nikkei Asian Review