É importante, no entanto, verificar a influência deste tipo de interação em outros settings, como o terapêutico sem drogas, por exemplo.

Pesquisadores australianos decidiram investir nessa área, pesquisando se o envio de mensagens no celular tem efeitos similares a tratamentos com drogas e isso resultou no artigo “A Comparison Between Phone-Based Psychotherapy With and Without Text Messaging Support In Between Sessions for Crisis Patients”, publicado no JMIR, Journal of Medical Internet Research.

Alguns estudos testaram se o uso de mensagem de textos era útil em caso de adesão ao tratamento em psicoterapia, sendo usado como complemento às sessões tradicionais. A ideia para a intervenção é verificar se há melhorias no monitoramento dos sintomas, na realização de atividades entre as sessões e na psicoeducação.

Os pacientes escolhidos foram ao departamento de emergência em situação de crise emocional. Durante quatro meses após a visita à emergência, estes pacientes, tradicionalmente, recebiam ligações para verificar como estavam, fazer controle dos sintomas e gerenciar, de forma geral, a crise. No estudo, os pacientes receberam, além da ligação, mensagens de texto. Dois terapeutas acompanharam 68 pacientes ao longo deste tempo.

Um total de 66% (48/68) dos pacientes que receberam a oferta de usar SMS para acompanhamento profissional aceitaram-na. Um total de 432 mensagens foram enviadas ao longo do estudo, a maioria envolvendo algum tipo de psicoeducação ou lembretes para engajamento nas metas e maior adesão ao tratamento.

Entre aqueles que recebiam mensagens, houve uma tendência a participarem de menos consultas do que aqueles no grupo controle. Não houve resultados significativos para o acompanhamento da terapia.

Os dois grupos apresentaram melhoria significativo ao longo do tempo, mas o foco do estudo, o SMS< não parece ter melhorado os resultados clínicos entre os pacientes que já recebiam psicoterapia.

Obviamente, mais estudos precisam ser realizados na área para a real verificação do impacto. Se as mensagens de texto funcionam bem na adesão de medicamentos, os primeiros resultados deste estudo não mostraram o mesmo resultado para a adesão ao tratamento psicológica. Sugiro expansão dos estudos para outra áreas terapêuticas, como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, que exigem alto engajamento dos pacientes para a obtenção de bons resultados.