Um grupo de jovens programou para o próxima quinta-feira um evento batizado de Epicentro, na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, de estímulo ao empreendorismo – mais precisamente ao mundo das start-ups ( veja mais detalhes aqui ).
Além dos debates, a quadra esportiva será ocupada com dezenas de barraquinhas onde as pessoas mostrarão suas invenções digitais para mudar desde o comércio até as relações familiares, passando pela política. Até ontem à noite, havia quase cerca de 2.000 inscrições.
Esse fato me leva a perguntar neste Dia do Trabalho se não deveríamos criar também o Dia do Empresário, valorizando o espírito empreendedor.
É visível a vontade entre jovens de não serem empregados, mas de abrir seu próprio negócio, em que se sintam mais livres para criar e inovar. Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira mostra a amplitude geral desta vontade: 60% dos brasileiros gostariam de ser patrões, tocando seu próprio. É um sinal inequívoco de um salutar espírito empreendedor.
O problema é que, no Brasil, ser empreendedor é um problema. Os impostos são altos. A burocracia, gigantesca. A legislação trabalhista, atrasada. A qualidade da mão de obra, sofrível. Os juros, estratosféricos. Existem poucas incubadoras de empresas dentro e fora das universidades. O acesso a investidores dispostos a arriscar seu capital melhora, mas é muito limitado. Quantos empregos não deixamos de gerar todos os dias por causa desses obstáculos?
Isso se deve, na minha visão, à falta do culto ao empreendedor, muitas vezes apresentado como um vilão, sugando o trabalhador, ao invés de que alguém que arrisca, inova e gera empregos.
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Em colaboração com o Media Lab, do MIT, desenvolve em São Paulo um laboratório de comunicação comunitária. É morador da Vila Madalena.
Fonte: Gilberto Dimenstein, 01/05/2012, Folha.com.br