Uma das maiores preocupações dos profissionais que atuam na área de saúde – médicos, enfermeiros, farmacêuticos, entre outros – tem sido trabalhar de forma segura. Na área da oncologia (tratamento de câncer), isso significa estabelecer métodos de controle de erros – a que todos os seres humanos estão sujeitos – e assim oferecer aos pacientes e aos profissionais de saúde, segurança na prescrição, aplicação e recebimento de tratamentos.
Nos Estados Unidos, os números publicados pelo Departamento de Saúde desde 1997 são alarmantes. Segundo as estatísticas norte-americanas, considerando as 33,6 milhões de admissões hospitalares no país naquele ano, cerca de 98.000 óbitos teriam ocorrido por erros dentro dos estabelecimentos hospitalares. Só em falhas na administração de medicações, por exemplo, estejam os pacientes internados ou não, estima-se que o número de óbitos ultrapasse os sete mil por ano.
Não há como quantificar o que essas perdas significam do ponto de vista humano. Mas sua amplitude tem certamente um efeito avalanche sobre o sistema de saúde. No âmbito financeiro, há aumento de custos. Ocorrem ainda: queda na credibilidade do sistema pelos pacientes; insatisfação gerada aos profissionais de saúde e aos próprios pacientes; desconforto físico e psicológico secundários a uma maior internação ou às seqüelas.
Os esforços de melhoria nas condições de segurança exigem empenho das equipes e investimento das empresas de saúde e, portanto, encontram resistência em boa parte desse mercado. Impulsionado por tais demandas, o Ministério da Saúde fomentou a criação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), para que se criassem as políticas para a Acreditação Hospitalar no Brasil e que se padronizasse a prestação dos serviços de saúde com garantias de qualidade, redução de custos e dinamização de processos.
A Acreditação da ONA traz para a saúde o que já se tornou rotina em diversos setores da economia, que buscam a certificação da qualidade através de selos como ISO e PNQ, por exemplo.
O processo de gestão da qualidade nas organizações de saúde reforçou a convicção sobre a necessidade de instituir formas seguras de controlar os riscos, reduzindo a possibilidade de erros.
Neste sentido, a tecnologia da informação já oferece contribuições significativas, como um software que gerencia a informação hospitalar e proporciona uma integração entre o consultório médico, a enfermagem e a farmácia, harmonizando e estimulando o trabalho da equipe. Mas, mais do que isso, o programa gera uma identificação eletrônica de profissionais, pacientes e medicamentos, feita através de um palmtop e códigos de barras, garantindo uma checagem mais rigorosa da prescrição e aplicação de medicamentos – além de arquivar informações detalhadas dos procedimentos realizados e assegurar a rastreabilidade dos processos. É a tecnologia a serviço da saúde e do bem estar públicos.
O resultado da implantação dessas ferramentas tem sido a melhoria na qualidade da prestação dos serviços, com aumento do controle sobre os procedimentos – permitindo assim uma análise mais precisa dos indicadores e facilitando a gestão da saúde.
Para os pacientes, esse novo método de segurança tem promovido uma tranqüilidade maior na realização de tratamentos.
Para nós, profissionais da saúde, a tecnologia tem sido uma aliada da consciência, na medida em que atua como uma segunda checagem e pode despertar-nos diante da possibilidade de falhar, inerente à nossa condição humana, permitindo-nos agir dentro de nossa própria expectativa: “Primeiro, não causar sofrimento”, o mais importante e conhecido juramento de Hipócrates.
*Luiz Adelmo Lodi é oncologista e diretor da Oncomed
As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicadas refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídia ou quaisquer outros envolvidos nesta publicação.
Você tem Twitter? Então, siga http://twitter.com/SB_Web e fique por dentro das principais notícias do setor.