O Hospital e Maternidade Santa Joana é a primeira instituição privada da América Latina a realizar a técnica de cirurgia fetal a céu aberto, intraútero, para a correção de mielomeningocele. A técnica foi recentemente publicada na revista científica The New England Journal of Medicine após o estudo americano MOMS, realizando nos EUA, comprovando que os benefícios de intervenções durante a gravidez são realmente superiores aos das técnicas pós-parto.

Segundo Antonio Fernandes Moron, chefe da medicina fetal do Hospital e Maternidade Santa Joana, a técnica de cirurgia a céu aberto consiste em um procedimento deliciado. É preciso tirar o útero e parte do feto para fora do corpo da mãe, corrigir o defeito e deixar que a gestação prossiga normalmente. “É um avanço extremamente importante para a medicina, pois corrige o defeito na medula do bebê, evitando a acúmulo de líquor no cérebro, também conhecido como hidrocefalia”, diz o especialista. O tratamento anterior, realizado após o nascimento, consistia na implantação de uma válvula cerebral para drenar o líquor para a cavidade abdominal, controlando a hidrocefalia. Essa válvula tem de ser trocada, em média, quatro vezes ao longo da vida. “A cirurgia a céu aberto é uma maneira de preservar a coluna e evitar implante da válvula”, acrescenta Dr. Moron.

Porém, o especialista alerta que a cirurgia a céu aberto tem um tempo certo para ser realizada. “A operação é realizada entre a 20ª e a 26ª semana de gestação, quando o feto pesa entre 500 e 900 gramas. Antes desse período, a doença raramente é diagnosticada por qualquer exame. Depois desse período, o risco de que os efeitos da malformação sejam irreversíveis é altíssimo”, explica o médico. Desde que a cirurgia foi autorizada nos EUA, o Hospital e Maternidade Santa Joana já realizou seis procedimentos desse tipo pelas mãos do Dr. Moron e sua equipe com 100% de sucesso.

A mielomeningocele afeta um em cada 1.000 bebês nascidos vivos no Brasil, o que representa, em números absolutos, 3.000 crianças todos os anos. A doença está associada a alterações genéticas e baixos níveis de ácido fólico no organismo da mãe no momento da concepção e durante as primeiras doze semanas de gravidez. Devido a um descompasso entre o desenvolvimento dos tecidos nervoso e ósseo no início da formação do embrião, a medula espinhal fica exposta em uma bolsa cheia de líquor, fora do organismo do feto. Isso provoca o deslocamento do cérebro e favorece o acúmulo de líquor também no crânio, causando aumento da cabeça e comprometimentos motores e cognitivos. Cerca de 90% dos pacientes com mielomeningocele poderão apresentar durante a vida algum tipo de problema urológico que pode variar desde infecções urinárias até a perda de função renal e insuficiência renal com necessidade de diálise e transplante renal.

Cirurgia a céu aberto – passo a passo:

É feito um corte de 18 a 20 centímetros no abdômen da mãe para a retirada do útero; Com o feto colocado na posição adequada para a operação, o cirurgião fetal faz um corte de oito centímetros no útero e na membrana amniótica. O líquido amniótico é então escoado e estocado a 37 graus; Com a medula do feto exposta, o neurocirurgião corrige o problema: ele coloca a medula dentro do corpo do feto e sutura a pele com pontos absorvíveis; Em cerca de vinte minutos, o feto e o líquido amniótico são devolvidos ao útero e o cirurgião fetal fecha todos os tecidos (membrana amniótica, útero e pele da mãe); Depois da cirurgia, a mãe permanece internada por uma semana, durante a qual recebe medicamentos para evitar contrações. O parto ocorre, em geral, por volta das 35ª semana – quando o normal é entre a 38ª e a 40ª semana.

Sobre o Hospital e Maternidade Santa Joana

O Hospital e Maternidade Santa Joana é reconhecido pelos médicos como centro de referência nos cuidados com a saúde integral da mulher e do neonato, especializado em gestações de múltiplos e de alto risco. Um dos que mais investem em tecnologia hospitalar e infraestrutura, o Santa Joana oferece unidades de terapia intensiva, a mães e bebês, equipadas com o que há de mais avançado no segmento, bem como uma Unidade de Cuidados Especiais da Gestante, especializada em gestações de alto risco, serviços de Medicina Fetal e Reprodução Assistida. Mantém uma central de esterilização, com rigoroso controle de qualidade, que garante ao grupo um dos mais baixos índices mundiais de infecção hospitalar, 0,3%. É filiado à Rede Vermont, instituição que reúne as 400 melhores unidades neonatais do mundo e tem os seus serviços certificados, com nível máximo, da Organização Nacional de Acreditação.