Com mais de 8 mil atendimentos por dia, a Santa Casa de São Paulo enfrentava dificuldades para manter um controle efetivo de almoxarifado e distribuição de materiais e medicamentos. “Comprávamos estes insumos diretamente, mas não conseguíamos pagar à vista, precisávamos de 30 a 60 dias. Com isso, o custo era muito maior?”, relembra o superintendente geral, Antônio Carlos Forte. 

Além disso, havia dificuldade para saber como estava o estoque e, por vezes, faltava material. “A solução encontrada foi contratar um parceiro que se responsabilizasse pela compra, logística e distribuição dos insumos. Escolhemos a Logimed, que é uma empresa do grupo Andrade Gutierrez e que tem um capital importante para aquisição dos materiais. Eles compram à vista, o que nos traz folga de recursos. Também têm um centro de distribuição grande, trabalham com volume maior e ganham em escala”. Hoje a Santa Casa trabalha com estoques para 15 a 20 dias e controla online quanto gasta por centro de custo. 

“Em grandes números, na rede de hospitais, 26% do custeio era para materiais e medicamentos. Hoje este percentual é de 17%. A Santa Casa homologa os insumos que serão utilizados e a Logimed efetua a compra com base nesta lista. A empresa parceira também faz sugestões para substituir alguns materiais, que só são trocados, de fato, após a homologação”.


Para se ter uma ideia do porte, a Logimed fechou 2011 com faturamento de R$ 110 milhões e almeja chegar a R$ 1 bilhão em cinco anos, atendendo grandes grupos de saúde e participando de parcerias público-privadas.


Trajetória 
 A irmandade Santa Casa de São Paulo surgiu há mais de quatro séculos e hoje é reconhecida pelas áreas de ensino, pesquisa e por ser mantenedora do maior hospital filantrópico da América Latina. Hoje, administra diretamente ou como OSS cerca de 40 unidades assistenciais. 


Com mais de 8 mil atendimentos por dia, a Santa Casa de São Paulo enfrentava dificuldades para manter um controle efetivo de almoxarifado e distribuição de materiais e medicamentos. Comprávamos estes insumos diretamente, mas não conseguíamos pagar à vista, precisávamos de 30 a 60 dias. Com isso, o custo era muito maior”, relembra o superintendente geral, Antônio Carlos Forte. 


Caso de sucesso

O Hospital Geral de Guarulhos foi uma das primeiras instituições administradas pela Santa Casa a adotar o novo modelo de gestão de insumos foi o Hospital Geral de Guarulhos, com 335 leitos de especialidades e UTI e 23.690 m2. “A parceria com uma empresa de logística trouxe evolução no gerenciamento de processos que envolvem materiais e medicamentos. As atividades se tornaram melhores, a organização, mais apropriada, e também notamos diminuição do estoque e do giro de materiais”, conta a coordenadora das OSS estaduais sob gestão da Santa Casa de São Paulo, Agnes Mello Farias Ferrari. 


“Para diminuir os riscos de desperdício e perdas, as entregas acontecem de manhã, a tarde e a noite e tudo que não é utilizado é devolvido. Há também muita sinergia com a assistência farmacêutica. A dispensação acontece por horário e, com estoque menor, os medicamentos não vencem e não se acumulam”.


Outro fator de ganho na unidade foi a revisão e padronização da listagem de medicamentos: são utilizados apenas os da linha SUS e as prescrições são, obrigatoriamente, por princípio ativo, para permitir a utilização de genéricos. 


O HGG está começando a definir novos protocolos e vê possibilidade de evolução da parceria. “Ainda temos espaço para otimizar mais custos e ganhar com rastreabilidade e segurança para o paciente”, conclui


Perfil do Hospital Geral de Guarulhos 

É a unidade de referência para o município e para a região do Alto Tietê. Possui 299 leitos em ginecologia/obstetrícia, pediatria, clínica médica, clínica cirúrgica, ortopedia e neurocirurgia, além de 36 leitos de UTI adulto, neonatal e pediátrica. 


Após a experiência bem-sucedida no Hospital Central, o modelo foi replicado nas outras unidades administradas pela Santa Casa, seja de forma própria ou como Organização Social de Saúde (OSS). 


O início da parceria da Logimed com Irmandade se deu em 2008 e, desde então, o número de unidades assistenciais a entrar no escopo do contrato só aumentou, até que todas estivessem contempladas, em 2010. “Na Santa Casa, nossa oferta passou por gestão de suprimentos, operação, logística, TI e Sistemas”, relembra o presidente da empresa, Alexandre Dib. 


Nas unidades administradas no modelo de Organização Social de Saúde, a Logimed segue o manual de compras da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, que determina a tomada de três preços e a justificativa por determinada escolha. Para o executivo, a redução de gastos responde, principalmente, pelos três princípios para geração de economia estabelecidos pela empresa: compra centralizadas e segmentadas, escala e cotações e fechamento de contratos por princípio ativo, não por marca. 


Hoje, a organização trabalha com 10 mil itens e 500 fornecedores. Além de compra, armazenagem e distribuição, a empresa institui processos dentro do ambiente hospitalar para otimizar o uso dos insumos e reduzir os estoques ao mínimo necessário. “A perda de materiais e medicamentos no ambiente intra-hospitalar gira em torno de 15%. Por isso, focamos em geração de economia, controle e monitoramento e melhoria da qualidade”, explica Alexandre Dib. 


O próximo passo no setor público é expandir a atuação em Parcerias Público-Privadas (PPP). A empresa venceu a licitação do Hospital Metropolitano do Barreiro, na Grande Belo Horizonte, que deve entrar em operação em janeiro de 2014, e participa de outros processos em Manaus, São Paulo, Espírito Santo, Brasília, Salvador e Natal.