A noite de 23 de outubro de 2013 foi especial para Marcus Vinícius Santos. Há pouco mais de 10 meses na direção executiva do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, ele teve a sua gestão homenageada pelo Prêmio Visconde de Mauá/Gestão da Saúde 2013. Nas suas palavras, ?uma honra ter o reconhecimento de um trabalho em equipe?. Quando assumiu, em janeiro de 2013, com o desafio de implementar gestão e, ao mesmo tempo, manter a qualidade e o posicionamento do hospital, Santos determinou como ponto chave o resgate do orgulho dos colaboradores em trabalhar no local.
Voltado para um público de alta renda, o Hospital Samaritano enxerga os funcionários como seu maior ativo. ?O alto padrão no atendimento não teria valor sem os recursos humanos. A equipe é ótima?, disse Santos.
Com pouco mais de 12 anos de carreira, o médico com especialização em Medicina Intensiva e MBA em gestão empresarial segue desde 2007 no comando de instituições de saúde. Começou como diretor médico e já teve passagens pela Casa de Saúde Santa Lúcia e pelo Total Cor, mas foi no Pró-Cardíaco que teve uma visão ampla de mercado. Ali, Santos percebeu a importância do atendimento e relacionamento para a gestão de uma instituição de saúde. ?Escutar para ser escutado? virou seu lema. Outro ponto importante, segundo ele, foi não mais pautar as decisões em desempenho, mas sim em indicadores assistenciais para definir as estratégias de crescimento, investimento e gerenciamento do dia a dia.
O diretor-executivo chegou à instituição em um momento de mudanças, decorrente da compra do hospital pela Amil, no começo de 2011.
No entanto, no final de 2012, a Amil foi vendida para a americana UnitedHealth Group. O movimento já era previsto pelo mercado e o fundador da Amil, Edson Bueno, permaneceu com 10 % das ações e seguiu como CEO da divisão brasileira. A Amil continuou investindo no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, onde identificou um nicho a ser explorado: hospitais de alto padrão de atendimento e tecnologia. Além da proximidade de eventos como a Copa e as Olimpíadas, o próprio carioca estava optando por tratamentos no exterior ou mesmo em São Paulo, o que ascendeu a luz vermelha do hospital. Era a hora de investir.
Conforto como diretriz
Inaugurado em 1949 no bairro de Botafogo, o hospital integra o grupo de prestadores voltados ao público AAA da zona Sul carioca. Para Santos, o clima entre a concorrência é de parceria e cooperação. ?A parte boa é que sempre há alguém inovando, puxando o mercado para cima, em busca de uma melhor prestação de serviços aos nossos clientes?, afirmou.
Em 2012, o hospital teve receita bruta de R$ 162 milhões e a expectativa é de crescer 15% este ano. Sem revelar cifras, o executivo diz que os próximos investimentos serão destinados para reformar a antiga estrutura e construir um novo centro cirúrgico. Por enquanto, o complexo já conta com novas áreas de Terapia Intensiva e Coronária, um centro de Cirurgia Robótica, uma ala VIP na unidade coronariana, uma nova recepção e área de emergência. ?O plano diretor da instituição também contempla o redesenho de toda a hotelaria do hospital?.
A hotelaria não é novidade na instituição e a ordem é primar pelo conforto. Por isso que boa parte das instalações, mais que 50%, já está totalmente remodelada. O objetivo é ter todo o projeto finalizado até 2015. A estratégia é oferecer a experiência mais próxima à estada em um hotel de luxo, tirando a referência fria de hospital. Nos quartos VIPs, por exemplo, os pacientes são recebidos com cestas de frutas, roupão com nome bordado e água Perrier. ?Queremos que ele esqueça que está sobre tratamento e sinta que está sendo cuidado. Levamos o mesmo referencial aos familiares e acompanhantes: humanização, atenção e cuidado?, frisou. O hospital prevê aumentar de 97 leitos para 120 distribuídos entre CTI, CTI Pós-Operatório, Unidade Coronariana, Unidade Semi-intensiva e apartamentos clínicos, até 2014.
Requinte e inovação tecnológica
O Samaritano tem foco cirúrgico, mas todas as unidades são complementares e importantes. Ao falar de tecnologia e de como ela é incorporada, o diretor ressaltou a reformulação do Centro de Terapia Intensiva (CTI) em agosto deste ano. A premissa para o novo CTI foi associar hotelaria e conforto à tecnologia. Ainda este ano, o centro que possui nove leitos vai passar a ter 19 para atendimento crítico e obedecerá ao conceito de ?sala limpa?, sem fios ou outros obstáculos pelo chão. Os quartos serão equipados com monitores multicanal de última geração que se integram aos equipamentos conectados ao paciente e permitem a checagem precisa dos sinais vitais. O hospital vai abrir este ano uma unidade pós-operatória, com oito leitos e o mesmo aparato tecnológico do CTI Geral, para doentes crônicos, que precisam de cuidado mais intensos.
Salas automatizadas e inteligentes estão entre os equipamentos de vanguarda do hospital. No CTI, todas as salas cirúrgicas têm padrão internacional e computadores que obedecem aos comandos de voz e de gesto do cirurgião. ?Os equipamentos dentro da sala ficam todos integrados. Isso facilita o funcionamento da sala, auxilia os cirurgiões na execução de seus procedimentos, acelera o processo de preparo e amplia o espectro de segurança no ato cirúrgico?, explicou Santos, lembrando, ainda, que esse dinamismo não interrompe o trabalho para pequenas demandas, como mostrar exames e vídeos, descrever procedimentos, filmar ou acender e apagar luzes.
Outra preocupação da instituição foi com os pacientes estrangeiros. O novo CTI é provido de camas com sistema de comunicação em 24 idiomas. Assim, ele pode se comunicar sem problemas até que o seu acompanhante chegue. ?Possuímos ainda recepcionistas bilíngues para atender a grande procura de pacientes estrangeiros, que vêm conhecer a nossa cidade maravilhosa e que, porventura, precisem de atendimento médico?. A área de emergência também teve seu ciclo reformulado para um atendimento mais rápido. ?Hoje nosso tempo médio de atendimento é de oito minutos?, orgulhou-se.
Recentemente, o hospital teve incorporada a moderna técnica robótica para intervenções delicadas. Trata-se de um equipamento robótico com quatro braços de alta precisão e uma câmera que permite a visão em 3D e imagens de alta resolução. O cirurgião controla os movimentos do aparelho através de uma espécie de joystick. Até o momento, já foram realizadas 180 cirurgias robóticas divididas em urologia, cirurgia geral e bariátrica. A instituição planeja oferecer também as de cabeça e pescoço, ginecológica e torácica. A técnica, menos invasiva, exige capacitação do médico que a manusear. ?Possuímos um programa de treinamento com um ano de evolução?, contou. Para procedimentos diferenciados em cirurgias endovasculares, cardíacas e neurológicas, o hospital conta ainda com um novo laboratório de hemodinâmica. Totalmente digital, a sala possui um equipamento utilizado para obtenção de imagens cardiovasculares, angiográficas, neurológicas e intervencionistas, com captação e reprodução em alta resolução e riqueza de detalhes.
Hospital samaritano
Tipo: hospital privado com fins lucrativos.
Fundação: 1949
Área construída: 17.400 metros quadrados
Organização do corpo clínico: aberto
Acreditação hospitalar: em processo para JCI
N° de leitos/incluindo UTIs: 97
N° de funcionários: 1.050
N° de internações: 5.018 internações/ano em 2012
Receita Bruta: (em R$): 167 milhões/ano em 2012