Madre Maria Theodora nasceu em Chambéry, na França, em 1835, e era ainda jovem quando fundou entre outras coisas o Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu, no interior de São Paulo – uma das mais respeitadas instituições durante décadas. Foi lá que estudou a mãe de um dos fundadores do Hospital e Maternidade Madre Theodora, em Campinas (SP).

Agora, numa viagem de pouco mais de 20km pelo interior paulista e já nos limites do município de Sumaré, nasce a partir do mesmo grupo o Hospital Saint Vivant, homenagem à abadia de mesmo nome que pertence à ordem religiosa monástica católica de Cluny, sucessora da São Bento e responsável por ter protagonizado uma grande reforma moralizadora na igreja.

Mas por que um novo hospital tão próximo do outro? ?Acreditamos que esta unidade vai ajudar a desafogar o sistema de saúde do município, onde os conveniados terão um bom atendimento sem precisar se deslocar para outras cidades?, disse a secretária de saúde de Sumaré, Tânia Pupo, durante a inauguração oficial em junho passado.

O grande trunfo estratégico do Madre Theodora ao idealizar o Saint Vivant é, de fato, a localização geográfica. Isso porque Sumaré, com seus 240 mil habitantes, não contava com nenhum hospital particular para uma população onde mais de 30% possui plano de saúde. Contingente que precisava se deslocar até Campinas não só para chegar a uma instituição particular, mas até para usar serviços públicos de emergência.

?É praticamente o único hospital da cidade, já que o outro, estadual, não tem pronto-socorro nem porta aberta. Por isso, com certeza, vai ajudar muito a todas as cidades da região, já que os hospitais de Campinas já estão num ponto praticamente de saturação?, explica, um dos sócios do Saint Vivant, Alexandre Santos.

Além de Sumaré, portanto, a tendência é que moradores de Hortolândia, Nova Odessa e Paulínia também sejam beneficiados. Em relação à adesão das operadoras de saúde, a perspectiva, segundo Santos, é de que o hospital atenda cerca de 45 planos, número já praticado no Madre Theodora.

Um desses planos é dos próprios ex-beneficiários do Grupo Madre Theodora, que mantinha um plano de saúde na região com 22,5 mil beneficiários, de acordo com site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e acaba de vender a carteira para Assimédica Saúde, que tem 75 mil vidas e opera na região. Mesmo com a venda da operadora, os hospitais do grupo continuarão a atender estes beneficiários.

Estrutura

O Saint Vivant fica numa área de 16 mil m², com 25% do terreno já construído e a previsão de atingir 10 mil m² ocupados até o final deste ano. Em pleno funcionamento, o hospital deve ter 800 profissionais, entre contratados e terceiros, e 160 leitos.

Neste primeiro momento, serão abertos os serviços de pronto-socorro e ambulatório, nas especialidades de clínica geral, ginecologia, pediatria e ortopedia. Também têm início imediato os serviços de diagnóstico e imagem ? pioneiros na cidade no que diz respeito a funcionamento 24h ? num total de 20 mil atendimentos mensais nesta fase inicial.

?Com a segunda fase aberta, teremos mais ou menos umas mil cirurgias por mês, 1,3 mil internações clínicas cirúrgicas e UTIs adultas e neo-pediatras com 20 leitos cada?, acrescenta Santos, que ainda revela a projeção do faturamento mensal: por volta de R$ 6 milhões.

O grupo

O Hospital e Maternidade Madre Theodora completou 21 anos recentemente e conta com uma instalação de 114 leitos. A maternidade tem 25 leitos de enfermaria e mais 19 privativos, além de um posto de enfermagem centralizado entre os quartos. O pronto-socorro tem dois clínicos gerais, dois pediatras e dois ginecologistas disponíveis 24h, além de um ortopedista das 8h às 20h e atendimento à distância em casos de urgência.

No ano passado, o hospital passou por um famoso episódio quando três bebês da cidade de Campinas tiveram casos confirmados de tuberculose entre abril e agosto e foi verificado que todas eles tinham nascido no Madre Theodora entre fevereiro e maio. A partir daí teve início uma investigação que concluiu que um dos colaboradores do hospital era portador de tuberculose.

Começou então um trabalho em que a entidade recuperou o histórico das crianças nascidas no primeiro semestre de 2012. Diversas delas foram encaminhadas a tratamentos seja preventivos, em caso de contato com o bacilo transmissor, ou então após a confirmação da doença.

Por fim, o hospital esclareceu que o caso foi uma fatalidade, já que a tuberculose é uma doença cíclica e difícil de ser diagnosticada ? o acontecimento é raríssimo, já que a funcionária que transmitiu o bacilo passou meses sem saber que estava doente e contaminou bebês em períodos bem espaçados.

Em 4 de março deste ano foi publicado um balanço onde o Madre Theodora informa ter investigado 1054 bebês, sendo que 14 foram diagnosticados com tuberculose e iniciaram o tratamento, além de 90 que tiveram infecção latente ? com o bacilo, mas sem a doença.