No próximo dia 12, estarei falando no Safety2011 sobre hospitalistas. É íntima a relação entre os assuntos: Medicina Hospitalar (MH) e Segurança do Paciente.
De uma perspectiva clínica, são emergencistas, intensivistas e, mais recentemente, hospitalistas os profissionais médicos melhor posicionados para atender o paciente hospitalizado mais vulnerável e viabilizar uma assistência mais segura. Estudar a MH partindo da evolução das UTI’s e dos PS’s ajuda a compreender porque o emprego de hospitalistas não é revolucionário, e sim evolucionário. Vai ao encontro do moderno movimento de segurança do paciente.
Hospitalistas, por estarem no hospital (e não somente passarem por lá), podem mais facilmente viver a organização, ajudando a aprimorá-la de dentro, tal como já fazem gestores e enfermeiros. Seria uma forma de materializar a sonhada integração defendida por Glouberman e Mintzberg em 2001 quando ilustraram “os quatro mundos de um hospital geral“, em Health Care Management Review.
Espera-se deste novo profissional que seja, além de bom clínico, um “Systems Specialist”. Sempre irá existir quem veja o sistema com a lente da prática médica tradicional ou com a lente da gestão exclusivamente (“usuários de lentes monofocais”). Digo mais: são imprescindíveis no nosso contexto. Mas o hospitalista deve empregar uma “lente multifocal progressiva”, atuando como o agente integrador, peça faltante na fragmentada assistência de nossos hospitais.
Deve conhecer fundamentos de segurança do paciente e gerenciamento de risco;
Conhecer algumas e dominar alguma ferramenta de gestão nesta área, como, por exemplo, análise de causa raiz.
Atuar adequadamente na comunicação de eventos adversos a pacientes e familiares.
Em parceria estratégica com os profissionais farmacêuticos e da enfermagem, estarão muito bem posicionados para lidar com eventos adversos relacionados ao uso de medicações, da prevenção ao tratamento.
É obrigação do hospitalista atuar forte na área da reconciliação medicamentosa, idealmente criando padrões e rotinas em todas as suas etapas críticas, como admissões, altas e transferências intra e inter-hospitalares.
No cuidado do paciente idoso, cada vez mais prevalente e complexo nas instituições, é fundamental que domine o que chamamos de “polifarmácia racional”, evitando ou minimizando delirium, quedas do leito e outras complicações.
Não é minha pretensão aqui esgotar o assunto e as possibilidades. Que fique a mensagem: Medicina Hospitalar e Segurança do Paciente – a primeira não existe sem conhecimentos sólidos sobre a segunda.
Em Saúde Web, no blog Segurança do paciente, Sílvio Possa postou recentemente sobre o impacto do relatório do Institute of Medicine sobre erros na assistência à saúde, citando Wachter, R.M. Bob [Wachter], autor de diversos livros e artigos sobre segurança do paciente é, nada mais, nada menos, do que o grande líder do movimento dos hospitalistas, considerado por muitos como o pai da MH nos EUA.
Hospitalistas no Brasil não farão história se não aprimorarem-se nesta importante área do conhecimento que é a segurança do paciente. Será preciso ler mais Sílvio Possa e buscar outras fontes de educação e capacitação na área.
Encerro por hoje deixando abaixo algumas fontes de informação sobre o nosso assunto e espero todos no Safety2011.
To err is humam – Learning from our mistakes
Evidence based interventions to improve safety in the hospitalized elderly