Os edifícios das unidades de atendimento em saúde não são mais os mesmos. Transformações estruturais e conceituais na arquitetura e decoração podem propiciar ambientes mais acolhedores. A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) vem adotando, desde 2010, alguns desses conceitos, parte da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde.
A arquitetura vertical ? na qual predominam formas retas e austeras ? dá lugar a ambientes coloridos, com iluminação natural, obras de arte, personagens e objetos de motivação. O governo do estado conta atualmente com uma equipe de profissionais focados em criar unidades públicas de saúde, digamos, diferentes.
Para alcançar o resultado final, uma equipe de 10 profissionais da secretaria, composta por designers, publicitários e psicólogos, visita, discute e cria uma identidade visual para os novos espaços. Esse trabalho já produziu tomógrafo com cara de nave espacial, fachadas com literatura de cordel, UTI iluminada com lâmpadas de LED coloridas à escolha do paciente e murais do artista plástico Romero Britto.
A equipe de comunicação visual da SES responsável pelo trabalho de humanização dos espaços de saúde desenvolve seus trabalhos baseada em quatro pilares: acessibilidade, acolhimento, ambiência e humanização. A inspiração vem do conceito de Design Thinking, em que equipes colaborativas buscam soluções através da investigação e do diagnóstico, visitando a unidade hospitalar e observando rotina de funcionários e pacientes.
Ambiente
O recém-inaugurado Instituto Estadual do Cérebro – unidade especializada em neurocirurgia que fica no Centro do Rio – tem áreas dedicadas exclusivamente ao relaxamento, importante para quem precisa fazer uma cirurgia complexa. Há uma brinquedoteca no térreo, decorada com personagens criados para o espaço. Nos leitos pediátricos de terapia intensiva, o paciente escolhe a cor do quarto.
Para os adultos, um piano foi doado pelo médico Paulo Niemeyer e instalado no lounge do Instituto do Cérebro. A ideia é tornar a espera por um exame, internação ou notícias de parentes o menos estressante possível.
?Quando entrei aqui pensei que toda essa decoração tinha sido colocada apenas para a abertura da unidade. Me contaram que é um espaço permanente e, confesso, fiquei incrédula?, diz a dona-de-casa Ana Maria Gonçalves.
Viagem espacial
No Hospital Estadual da Criança, inaugurado em março em Vila Valqueire, o tomógrafo foi transformado em uma nave, a T-01. A criança submetida a exames pode ver planetas, estrelas e astronautas da ?janela?, enquanto o procedimento acontece.
?Pra gente está sendo um grande alívio. Não só por ter conseguido, enfim, a tão esperada cirurgia, mas também por ver toda a estrutura e o carinho oferecidos?, diz a moradora do Méier, Rayane Brasil da Silva, que levou o sobrinho Kauã Brasil da Silva para o primeiro mutirão de cirurgias da unidade.
* com assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro