Esse feriado estivemos na JPR 2014 (Jornada Paulista de Radiologia), o maior evento para radiologistas da América Latina. A JPR é realizada em parceria com a RSNA (Sociedade Norte Americana de Radiologia). Acompanhamos diversas apresentações, e conversamos com players como Mount Sinai (Nova iorque/EUA), Hospital Albert Einstein, Hospital Samaritano e outros.
A apresentação do Dr. Thiago Júlio, radiologista do Hospital Albert Einstein, nos fez pensar: Por que os radiologistas ainda fornecem laudos como há mais de 100?
O Raio X foi descoberto em 1895 por Rontgen, e desde então os laudos radiológicos são estruturados da mesma maneira: Cabeçalho, Descrição da técnica utilizada (poucos ainda utilizam essa parte), Descrição dos achados e Conclusão. A única grande mudança foi a introdução de programas como o Word, da Microsoft.
Outra informação trazido pelo Dr. Thiago foi que hoje 99% dos pacientes buscam informações sobre o que leem nos laudos, na internet. Além disso, afirmam que em apenas 57% dos casos recebem as informações de um médico. Algo está errado nessa equação, pois o inverso é que deveria ser a verdade.
A internet revolucionou a maneira que as pessoas veem e consomem as informações. Gerações X, Y e a atual, os millenials, estão acostumados a visualizar informações como infográficos, em linhas do tempo e painéis de controle, além de body maps como o Symptoms Checker do WebMD.
Então a questão é: Por que estamos mais de 100 anos desatualizados na maneira que fornecemos informação a nossos pacientes?
Durante a apresentação um exemplo publicado na Wired de 2010, feito por um designer, foi mostrado. A matéria já está tão velha que você notará alguns links quebrados, principalmente os das imagens, mas nós conseguimos algumas e mostramos logo abaixo.
O que se vê é a informação mostrada de maneira inteligente, eficiente e prática ao paciente. Além dos resultados do exame, é possível ver dicas de saúde, comparativos do seu resultado em relação à população geral, dicas para melhorar suas condições etc. Informações que passam a ser transmitidas por médicos e instituições de saúde, e não mais a internet, de uma maneira que contribui para a mudança de hábitos do paciente.
Precisamos sair dos nossos consultórios e salas, e ir atrás de outras áreas que podem beneficiar e muito as nossas práticas. Veja que esse é uma matéria da Wired de 2010 e até hoje não vi nenhum tipo de iniciativa semelhante em prática.
Em um mundo moldado pelo design (basta ver as mudanças de UI/UX do facebook, linkedIn, Twitter, portais de conteúdo etc), é impraticável pensar que o laudo médico não merece mudanças drásticas e urgentes. Embora não seja um laudo radiológico, e sim de exames de sangue, da para se ter uma ideia de como a saúde pode se beneficiar de outras áreas.
E você? Qual tipo de laudo gostaria que seu paciente recebesse? Você é paciente? Qual laudo prefere receber?