Os próximos cinco a dez anos será crítico para os sistemas de saúde, na medida em que eles buscam outros meios para lidar com o rápido crescimento e envelhecimento populacional, o que ameaça a sua sustentabilidade no longo prazo. A constatação, proveniente de um estudo da KPMG, mostra que os gestores de empresas de saúde precisam considerar a necessidade de uma reforma radical para superar o desafio do aumento de custos e demanda. O relatório Something to teach, Something to learn: Global perspectives on healthcare (Algo para ensinar, algo para aprender: perspectivas globais para o setor de saúde), que entrevistou profissionais de organizações líderes em saúde em 22 países, aponta a necessidade de diálogo e de comprometimento em âmbito global com a finalidade de compartilhar conhecimento e inovação. Além disso, enfatiza a necessidade de desenvolver estratégias de transformação que superem os desafios enfrentados pelos sistemas no mundo inteiro. Para Mark Britnell, líder da área de Saúde da KPMG International, “organizações e sistemas de saúde têm seu próprio mercado e ambiente regulatório para levar em consideração, mas existem muitos desafios em comum entre eles. Não deveria haver desculpas para a falta de urgência e ‘não fazer nada’ não é uma opção.” O relatório identifica alguns fatores determinantes em comum que estão moldando o setor de saúde mundial. Além disso, indica vários países que estão utilizando estratégias que proporcionam melhorias na qualidade e, ao mesmo tempo, economia com a diminuição de custos. As principais constatações do relatório incluem: ? A mudança de ‘volume para valor’ nos sistemas de saúde, que estão buscando eliminar a recompensa pela quantidade em detrimento à qualidade (o número de tratamentos realizados em vez de benefícios aos pacientes e de melhorias gerais para a saúde da população).
? O relacionamento entre pacientes, médicos, contribuintes e prestadores de serviços de saúde é essencial. Evidências mostram que os pacientes geralmente tomam decisões melhores (e mais eficazes em termos de custos) quando são devidamente informados sobre suas opções.
? Os pacientes estão exigindo ter mais controle sobre seu próprio tratamento, pressionando os médicos para que eles deixem o papel de ‘Deus’ e assumam o papel de ‘Orientador’. Esses fatores determinantes preveem a necessidade de uma transformação em direção a: ? Uma nova geração de ‘gestores ativistas’ – tanto governos, quanto companhias de seguros – que estão reinventando-se como agentes transformadores por meio de contratações seletivas e direcionadas e fazendo com que os prestadores de serviços de saúde repensem seus modelos para trazer soluções mais inovadoras e integradas.
? Prestadores de serviços de saúde que assumam a responsabilidade pelos resultados e pelas melhorias relacionadas à saúde. Isso pode significar a adaptação de hospitais por meio de sua transformação em ‘sistemas de saúde’ responsáveis por todos os tipos de tratamento e pela saúde de sua comunidade.
? O surgimento de uma forma mais genuína de parcerias à medida que os prestadores de serviços de saúde e os contribuintes começam a enxergar os benefícios relacionados à qualidade e aos custos que poderão surgir a partir de uma integração eficaz e de um foco em resultados. Recomendações-chave do relatório:
Para os gestores ? A necessidade de organizações capazes de fazer contratações visando resultados e valor.
? A descoberta de novos meios de conectar os pacientes e de dar autonomia.
? A necessidade de um foco maior na gestão da saúde da população em geral.
? O desenvolvimento de novas habilidades e capacidades organizacionais será uma prioridade.
? A necessidade de gestores comprometidos, motivando os prestadores de serviços de saúde a gerar inovação.
Para os prestadores de serviços de saúde
? Abordagens novas e radicais serão necessárias para criar uma integração nos sistemas de saúde, nas redes de especialistas ou nas áreas de competência especial;
? Assumir uma maior responsabilidade durante toda a jornada do paciente.
? O investimento na formação de lideranças será crucial, bem como criação de novas parcerias com a equipe médica.
? A importância de aprender com outros mercados e utilizar melhor as informações para obter uma vantagem estratégica.
Para os sistemas de saúde
? Os gestores e os prestadores de serviços de saúde precisarão deixar de lado as abordagens competitivas tradicionais.
? Mudanças estruturais significativas serão necessárias, apesar de o retorno de tal investimento não ser imediato.
? Os gestores e os prestadores de serviços de saúde devem entender o que constitui valor para os pacientes e incorporarem tal conceito a todos os processos.
? Desenvolver novos canais de comunicação com os pacientes e conectá-los.
? As organizações e os sistemas mais bem preparados estão investindo uma quantia significativa tanto no ensino quanto no aprendizado à medida que trabalham com o objetivo de encontrar novos meios operacionais. Metodologia A KPMG reuniu quarenta especialistas de organizações líderes no setor de saúde representando 22 países para realizar um debate sobre o futuro dos sistemas de saúde e para compartilhar conhecimento. O relatório Something to teach, Something to learn captura o resultado desse encontro e as perspectivas dos participantes.
Tags