Estudo coordenado pela Universidade de Pittsburgh e apresentado no último Congresso Americano de Oncologia, em junho, avaliou em 474 pacientes com diagnóstico de câncer avançado e o impacto da depressão em marcadores inflamatórios, que podem influenciar no comportamento do tumor e nas chances de sobrevida.

O estudo dividiu os pacientes em três grupos de acordo com uma escala de depressão: sem depressão, com depressão leve e com depressão severa. Segundo o oncologista Fernando Maluf, chefe do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo, os pacientes com depressão apresentaram aumento de substâncias como o fator de necrose tumoral-alfa e interleucina-alfa, conhecidos como substâncias que podem influenciar negativamente o sistema imunológico.

“Os achados sobre as sobrevidas dos três grupos foram muito importantes: para os pacientes sem depressão, com depressão leve, e com depressão severa. As medias para cada grupo foram de 13, 10 e 6 meses, respectivamente. Isso sugere que a depressão possa levar a alterações no nosso sistema imune e eventualmente em outras proteínas relacionadas ao comportamento biológico do tumor, influenciando o prognóstico” afirma Fernando Maluf.

Outra possibilidade é que, em pacientes com tumores mais agressivos, exista uma produção de proteínas levando a maior depressão. “Este importante estudo mostra a importância do reconhecimento da depressão para o tratamento adequado e melhora da qualidade de vida dos pacientes e, talvez, para um melhor prognóstico, caso bem controlada”, conta o oncologista.

Outro interessante estudo envolvendo 91 pacientes com câncer de mama avançado, coordenado pelos investigadores da Universidade de Stanford, avaliou o papel do distúrbio do sono no prognóstico das pacientes. As pacientes foram divididas em dois grupos: com distúrbios leves e severos de sono. Além das pacientes com distúrbios severos de sono apresentarem maiores alterações afetivas e aumento nas taxas de hipertensão arterial, em comparação com as pacientes com distúrbios leves, as taxas de sobrevida sem que a doença se desenvolvesse ou afetasse a vida das pacientes foram inferiores neste grupo – 49 versus 80 meses.

“Estes dados sugerem que a melhora na qualidade do sono, pode interferir positivamente não só na qualidade de vida e afetividade das pacientes com câncer de mama avançado mas, talvez, melhorar o prognóstico das mesmas”, conclui Fernando Maluf.