Possível sucessor de Buffett testa os holofotes

Por Steve Eder e Jason Zweig | The Wall Street Journal

 É difícil seguir os passos de uma lenda.

Ted Weschler se considera um dos maiores admiradores de Warren Buffett, mas até meados do ano passado, ele não poderia realmente se imaginar trabalhando para o Oráculo de Omaha. Os holofotes e o constante estado de alerta que vêm com tal trabalho simplesmente não valeriam a pena.

Mesmo assim, este mês, Weschler, um gestor de fundos de hedge de 50 anos de idade, vai entrar para a equipe da Berkshire Hathaway Inc. para ajudar Buffett a supervisionar a carteira de US$ 110 bilhões em ações, títulos de dívida e outros investimentos da Berkshire. Isso posiciona Weschler, juntamente com Todd Combs, outro gerente de fundos de hedge de 45 anos, como candidato para assumir, algum dia, o portfólio que Buffett vem dirigindo com um sucesso sem precedentes por mais de 45 anos.

Devido ao inevitável escrutínio, muitos administradores de recursos de alto nível nunca nem se candidataram quando Buffett anunciou, em 2007, que estava em busca de investidores talentosos com potencial para o suceder como gestor da carteira da Berkshire.

Quando Buffett começou a procura por administradores de recursos e possíveis sucessores, Weschler pensou em se candidatar, mas acabou concluindo que o emprego teria exposição demais, de acordo com entrevistas com pessoas informadas sobre Weschler, Buffett e a Berkshire. Esta reportagem é baseada nessas entrevistas.

Mas depois de doar mais de US$ 5 milhões para vencer dois leilões de caridade para jantar com Buffett, chegou uma oferta de emprego que Weschler não esperava – e que também não podia deixar passar. Buffett, de 81 anos, anunciou a contratação de Weschler em setembro, e ele planeja começar a trabalhar para a firma ainda este mês.

Como Combs, ele terá um salário base mais bônus ligados ao desempenho em relação ao índice de ações S&P 500.

Discípulo assumido de Buffett que sempre trabalhou longe dos holofotes, Weschler há 12 anos administra um fundo de sucesso, o Peninsula Capital Advisors, instalado no primeiro andar sobre uma antiga livraria em Charlottesville, uma pequena e fotogênica cidade que abriga a Universidade do Estado de Virgínia. O fundo, que ele agora está desfazendo, tinha cerca de US$ 2 bilhões em ativos.

Weschler fala ou troca emails com Buffett a cada duas semanas, já que seu futuro chefe o deixou livre para encerrar o que resta de seu fundo. Ele troca emails com Combs e já fez algumas viagens a Omaha, no Estado de Nebraska, onde está a sede da Berkshire, quase 2.000 quilômetros a oeste de Charlottesville.

Embora planeje continuar morando em Charlottesville, Weschler, que é casado e tem duas filhas, vai alugar um apartamento em Omaha e passar de três a quatro dias por semana lá.

A chegada de Weschler à cidade de Buffett vai coroar uma carreira de investimento que começou antes de ele poder dirigir.

Quando criança, Weschler negociava figurinhas e moedas raras. Quando completou 12 anos, sua tia lhe deu 12 ações da Litton Industries, um estaleiro que tinha uma presença em Erie, cidade da Pensilvânia onde ele passou parte da infância. A partir de então, ele ficou viciado em mercados, buscando as páginas de finanças dos jornais para acompanhar os movimentos da Litton.

Weschler planejava estudar na Universidade John Carroll, perto de Cleveland, mas um irmão mais velho insistiu que pensasse mais alto, e ele acabou indo para a faculdade Wharton, na Universidade da Pensivânia, onde se formou em finanças e contabilidade em 1983. Para ajudar a pagar seus estudos, Weschler comprou um pebolim usado e cobrava dos colegas para jogar. (Ele ainda tem a mesa.)

Depois de formado, Weschler mudou-se para Nova York e começou a trabalhar para a W.R. Grace & Co., um conglomerado fundado em 1854 com operações mundiais em químicos, restaurantes e saúde.

Lá, Weschler foi exposto a uma variedade de setores. Ele passou de uma posição iniciante em finanças a assistente de Peter Grace, à época um proeminente industrial americano.

Weschler já estava testando sua habilidade como investidor. Em seus primeiros dias na Grace, quando ganhava só US$ 21.000 por ano, Weschler usou todo o limite de seus cartões de crédito para comprar tantas as ações quanto podia da Pace Membership Warehouse, uma rede de clubes de compras. Ele calculou que os ganhos com as ações superariam os juros dos cartões – e estava certo.

A Pace acabou sendo comprada pela Wal-Mart.

Weschler saiu da Grace em 1989 e passou quase dez anos como sócio de uma firma de participações, a Quad-C Management Inc. Em 1999, lançou o Peninsula e, anos mais tarde, investiu pesado em ações de seu ex-empregador. Depois de uma concordata, a Grace estava em baixa e Weschler comprou as ações por US$ 2 cada, em média. Hoje elas valem US$ 45 e são o filé da carteira da Peninsula.

(Colaborou Serena Ng.)

Fonte: Valor Econômico, 04/01/12

Ted Weschler: More on Warren Buffett’s Reluctant Sidekick

By Steve Eder and Jason Zweig

In the span of about a year, hedge-fund manager Ted Weschler twice dined with Warren Buffett at Piccolo’s, one of the billionaire investor’s favorite Omaha, Neb., haunts.

Along the way, Mr. Weschler would step out of a crowd of Buffett disciples to become one of a few candidates to replace the Oracle of Omaha as chief investment officer at Berkshire Hathaway Inc. By the end of his second meal at Piccolo’s, Mr. Weschler would have a job offer in hand.

This post is based on interviews with people familiar with Mr. Weschler, Mr. Buffett, and Berkshire. Weschler will start work at Berkshire Hathaway this month, and the challenges of the job were detailed in a Wall Street Journal story today.

Even though Mr. Weschler considered Mr. Buffett a hero, he wasn’t about to trade in his below-the-radar life in Charlottesville, Va., for the challenge of trying to succeed Mr. Buffett. Over the past decade, his fund, Peninsula Capital, had turned in a strong double-digit-percentage annualized return, while the broad Standard & Poor’s 500-stock index was basically flat.

Considering how much money he had made for himself and investors — people familiar with Peninsula estimate that about 40% of its $2 billion in assets is Mr. Weschler’s money — he had enjoyed a fairly anonymous life.

That would begin to change in June 2010, when Mr. Weschler paid a visit to Glide, a homeless charity in San Francisco that Mr. Buffett supports. That very week, Glide was holding its annual fundraiser: an auction, with the top bidder winning a lunch date with Mr. Buffett.

Intrigued by the chance to meet his hero and impressed by Glide, Mr. Weschler put in a bid of $2.6 million. He won the auction, but wishing to remain out of the spotlight, he asked that his identity not be disclosed publicly.

A couple days later, Mr. Buffett called Mr. Weschler himself to set up the meal, offering to come to Charlottesville for lunch or dinner. Mr. Buffett said he was free for the next few nights. Instead, Mr. Weschler said he would come out to Omaha and they could dine at Piccolo’s, a known Buffett favorite.

The two met at Mr. Buffett’s office, but ended up spending more than an hour talking at Berkshire before heading out. They clicked immediately.

During dinner, Mr. Weschler noted their 30-year age difference and age, and asked Mr. Buffett for advice for his next three decades. Mr. Buffett responded with a variety of insights. Among them, he told Mr. Weschler that friends would be critically important to him.

The two, in a way, became friends.

After the meeting, Mr. Weschler kept in touch, sending his idol his end-of-the-year investor letter. Mr. Buffett sent him a note back, “nice job.”

In May 2011, at the behest of one of his friends, Mr. Weschler once again attended Berkshire’s annual shareholder meeting in Omaha. About a month later, Mr. Weschler donated another $2.6 million, winning a second Glide auction and a follow-up date with Mr. Buffett. This time, he came to dinner at Piccolo’s armed with a yellow ledger pad and a number of questions. He took notes on Mr. Buffett’s answers.

At one point during the dinner, Mr. Weschler paused and suggested that Mr. Buffett too, could ask some questions. “I’m an open book,” he said.

Mr. Buffett took the opportunity to make his simple pitch. He asked Mr. Weschler if he would be interested in coming to work for Berkshire.

The question caught Mr. Weschler off guard. Not wanting to be dismissive of his hero, he said he would give it some thought. When Mr. Buffett drove Mr. Weschler to his hotel room that night, the Berkshire chairman ended the evening by saying that Mr. Weschler could think about the decision for a year or two, if he needed the time.

It wasn’t a completely new idea to Mr. Weschler. A few years earlier, when Mr. Buffettbegan scouring the investing world for money managers and potential successors, Mr. Weschler gave some thought to applying, but ultimately decided the job would be too high-profile.

Now weighing an actual offer, Mr. Weschler thought about it on his flight home, deciding that it was an impossible move. He discussed it with his wife, who wasn’t about to move to Omaha. He kept poring over it, however, and after a few weeks, he sent Mr. Buffett an email, stipulating two conditions.

He didn’t want to move to Omaha full time, and he needed to finish his work as the equity head of the W.R. Grace bankruptcy proceedings. Almost immediately, Mr. Buffett agreed.

By late August Mr. Weschler had accepted Mr. Buffett’s offer, and Mr. Weschler was soon back at Piccolo’s.

In early November, Mr. Buffett enjoyed an extended lunch at Piccolo’s with the two men he’s picked as possible candidates to replace him someday as head of Berkshire’s investments: Mr. Weschler, and Todd Combs. They ate chicken fingers and fries, and talked stocks.

Mr. Buffett contacted a Wall Street Journal reporter Monday to share one detail: “The two times that Ted’s come out to Omaha in the last month, he’s insisted on eating at Piccolo’s. He said it was for two reasons: ‘One, the food is good. And two, I want to average down.’ ” Added Mr. Buffett: “He’s definitely got a good sense of humor.”

From: Wall Street Journal, 03/01/2012