Sou apenas um entre os milhões de brasileiros que tiveram que correr atrás de um cartão SUS, devido a mais uma regra da saúde suplementar.
A UBS que procurei para obter meu cartão não tem recursos nem para organizar a fila de consultas, quanto mais para absorver esta carga de serviço e, evidentemente, deixou bem clara sua insatisfação para as dezenas de pessoas que estavam lá pelo mesmo motivo … se é que me entende: fui a um local pedir para fazer algo que nunca será utilizado naquele local !!!
Para quem não sabe: o objetivo desta ?maratona? é alimentar o sistema que identifica atendimentos feitos em hospitais públicos para pessoas que têm planos de saúde, de modo que o SUS seja ressarcido pelas operadoras por estar prestando um serviço que, segundo o SUS, elas deveriam estar prestando na rede privada.
Sem entrar no mérito desta questão, o que causa perplexidade é por que o governo sempre usa ?dois pesos e duas medidas?:
- Por que a população, que é a maior interessada, que financia todo o sistema de saúde tanto SUS quanto Saúde Suplementar, nunca é o foco e sempre o prejudicado ?
- Por que em todos os segmentos da atividade econômica o cliente é o ator de maior importância, mas quando se trata de saúde no Brasil é sempre o contrário ?
Se é justo que o SUS obtenha ressarcimento dos atendimentos que faz para ?usuários? de planos de saúde, porque nós ?usuários? não somos ressarcidos pelo SUS por ter que pagar um plano de saúde que não queremos ?
Parece que ainda existe quem ache que a pessoa tem plano de saúde porque pode pagar: um erro de avaliação imperdoável, ninguém pode pagar plano de saúde.
As pessoas não pagam porque está na moda, porque querem mostrar ao vizinho que o plano dele é melhor … pagam porque necessitam de assistência médica que o SUS não tem condições de prestar. Mesmo sendo um direito constitucional, não cumprido pelo governo.
Se a operadora deve ressarcir o SUS, nada mais justo que o SUS passe a ressarcir o contribuinte !
Então, agora que temos um número de cartão SUS que cruza o atendimento da saúde suplementar com o registro de contribuinte do INSS (já que para fornecer o cartão é necessário informar CPF), sugiro que:
- As operadoras passem a informar ao SUS todos os atendimentos que o cidadão teve na rede privada (sugestão: podem ser valorizados pela própria tabela SUS);
- O SUS conceda crédito ao contribuinte do INSS referente ao valor dos serviços que não prestou, abatendo da contribuição o valor do atendimento prestado na área privada, já que não tivemos a oportunidade de fazer uso da rede pública.
É a reivindicação de um ?usuário? já que o sistema de saúde pública e de saúde suplementar no Brasil teima em não nos tratar como ?cliente? !!!