Maior operadora dos EUA compra Amil por R$ 9,8 bi

Por Beth Koike, Adriana Meyge, Heloisa Magalhães e Ana Paula Ragazzi | De São Paulo e do Rio

A venda da Amil à americana UnitedHealth marca a entrada no Brasil da primeira grande operadora internacional de planos de saúde. A Amil foi avaliada em R$ 11 bilhões, 22% acima do preço em bolsa. Na maior transação na área de saúde no país, concluída após três anos de negociação, a United comprou 60% do capital da empresa das mãos de seu fundador, Edson Bueno, e fará oferta para adquirir 30% de ações em mercado, o que totalizará R$ 9,8 bilhões.

Bueno e sua ex-mulher, Dulce Pugliese, receberão R$ 6,5 bilhões, divididos em partes iguais. Ambos continuarão com 10% da Amil por pelo menos cinco anos. Médico de 69 anos, Bueno terá ainda uma participação de 0,9% no capital da UnitedHealth, da qual será o maior acionista individual e o primeiro estrangeiro a ter assento no conselho. A empresa deve faturar US$ 110 bilhões neste ano.

A venda da Amil reabriu o debate sobre a participação de empresas de capital estrangeiro no setor de saúde nacional. Há duas posições no mercado, ambas amparadas por lei. Mas uma fonte da Agência Nacional de Saúde (ANS), que terá que dar seu aval à venda da Amil, disse ontem ao Valor que não vê problemas na operação. Lei específica permite a entrada de estrangeiros em operadoras de planos de saúde. A questão é que a Amil possui 22 hospitais, o que não seria permitido a estrangeiros.

Edson Bueno nasceu em Guarantã (SP), a 370 quilômetros de São Paulo, perdeu o pai aos 6 anos e foi morar com um tio. Ainda menino, comprava frutas, carne e ovos em uma fazenda e os vendia na cidade. Também foi engraxate na estação de trem. Cursou o antigo ginasial em Cafelândia e o científico em Araraquara. Em 1965 foi para o Rio e conseguiu entrar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Formado, fundou a Amil em 1978.

Com a venda da empresa, Bueno sobe alguns degraus na lista dos homens mais ricos do país. No ano passado, estava em 20º lugar na relação da Forbes, com patrimônio de US$ 2,1 bilhões.

Fonte: Beth Koike, Adriana Meyge, Heloisa Magalhães e Ana Paula Ragazzi,Valor Econômico, 09/10/2012