Com uma fala abrangente sobre a situação da saúde brasileira, trazendo à tona os problemas, desafios e tendências, o diretor de gestão de saúde da PwC do Brasil, Carlos Suslik, abriu nesta quinta-feira (20) a programação de palestras do 1° Fórum Setorial PAEX (Parceiros para a Excelência), organizado pela escola de negócios Fundação Dom Cabral (FDC) em parceria com a própria PwC. As relações entre os players e suas características foram descritas sob um olhar voltado para as oportunidades de investimentos existentes. De acordo com Suslik, aspectos como a melhoria na distribuição de renda do brasileiro, aumento da expectativa de vida, movimentos de consolidação do setor, investimentos governamentais, entre outros, têm chamado a atenção de investidores, sejam eles de capital estrangeiro, que entram no País por meio de associações com planos de saúde, debêntures conversíveis ou pagamentos por contrato de gestão; ou capital nacional, com privates equity, sócios investidores, fundos de pensão ou imobiliários. ?O Brasil é um dos maiores mercados de saúde privada?, enfatiza o diretor da PwC, completando que o que os investidores procuram em relação às empresas são vantagens competitivas, racional econômico, tese de crescimento, múltiplos a serem pagos, gestão, governança e geração de fluxo de caixa. Ainda existe uma preponderância de empresas familiares no setor de saúde e, por isso, uma ânsia pela profissionalização e crescimento sustentável. Cerca de 44% dos investimentos levantados pela consultoria em 2010 foram provenientes de fundos de private equity. Mudança ou falência?
Não só de pontos fortes tratou o Fórum PAEX: uma série de adversidades foram exaustivamente repetidas como obstáculos para a atratividade de investidores, assim como para a sustentabilidade do sistema. Entre elas: a proibição da entrada de capital estrangeiro em hospitais, a questão do financiamento da saúde, ausência de políticas de remuneração consistentes, baixa qualidade na formação de profissionais, alta judicialização, riscos do movimento de verticalização das operadoras etc. Depois de dissertar sobre as transições por que o Brasil enfrenta atualmente ? demográfica, epidemiológica e social ? e o aumento dos custos decorrentes delas, o presidente do conselho de administração da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), Francisco Balestrin, foi categórico ao dizer ?temos que criar um modelo diferente do atual?. ?Certamente muitos de nós vão fechar. Existem atividades economicamente inviáveis e sem sentido?, disse. O executivo da Anahp referiu-se à prevalência de hospitais com até 70 leitos no País – porte que, segundo ele, não se sustenta no longo prazo. Para o diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leandro Reis Tavares, as dificuldades vão aumentar enquanto os consumidores ainda estiverem comprando, operadoras pagando, ou seja, o sistema vigente se mantendo. ?Mas sem dúvida vamos experimentar na próxima década uma reformulação da proposta de valor dos diversos elos do sistema produtivo. Pois, atualmente, ela tem forças divergentes e é preciso uma revisão do modelo de negócio?, afirmou Tavares ao descrever as ?dores de um mercado ?comoditizado?, em que o custo está no centro da operação. Balestrin encerrou a discussão sobre o ?modelo a ser desenvolvido? durante o talk show, também composto pela Janete Vaz, do laboratório Sabin e Helton de Freitas, da Unimed BH, com a seguinte frase: ?o futuro vai ser quando o público e o privado estiverem trabalhando juntos dentro de um mesmo modelo?. *Acompanhe no Saúde Web a cobertura do 1° Fórum Setorial PAEX