No mundo moderno, não dá para pensar uma empresa ou uma organização com boa gestão sem ter ferramentas de TI adequados. Diante da pressão por transformação no mercado de saúde, a utilização estratégica desses instrumentos tornou-se fato crucial para levar o setor para as inovações que necessita. Com isso em foco, o Ministério da Educação (MEC) coordena o projeto de Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU) a fim de desenvolver um modelo único de gestão para os 46 hospitais universitários pertencentes à rede federal, que passa pela informatização dessas unidades.
O projeto foi desenhado depois de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União nos hospitais, que gerou um documento com uma série de recomendações para a melhoria da administração das organizações. “O grande objetivo é ter uma gestão mais eficiente das instituições, garantindo uma melhor aplicabilidade dos recursos destinados a eles”, afirma o coordenador geral dos Hospitais Universitários da Secretaria de Educação Superior do MEC, Celso Araújo.
A entidade elegeu o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como modelo a ser replicado pelas instituições e destinou uma equipe de técnicos para desenvolver os softwares a serem instalados nos hospitais. “A equipe está trabalhando na transformação de um sistema servidor dependente e proprietário para um sistema baseado em web com código livre, o que facilitará a adição de novos aplicativos”, aponta o coordenador.
Com a unificação dos sistemas, será possível gerar indicadores únicos na gestão dos hospitais universitários e padronizar os processos e a compra de insumos. “Assim teremos melhores condições de identificar as áreas que demandam mais recursos.”
O conceito do projeto está bem definido, no entanto, colocá-lo em prática é outro desafio. Isso porque não se trata somente de desenvolver e implantar um software de gestão, mas também de adequar toda a estrutura das instituições para fazer uso estratégico das ferramentas. “Nesses hospitais a infraestrutura é muito fraca. Será necessário investir em rede, servidores, sala de segurança, e até parte elétrica. Além disso, muitos desses hospitais não contam com uma equipe de TI. Só depois de organizar isso tudo, teremos condições de instalar o sistema”, relata o coordenador do projeto, Marcelo Takatsu.
Colaboração
Diante da dificuldade de se impor um sistema de trabalho de cima para baixo, a equipe do MEC trabalha com o conceito de projeto colaborativo. A ideia é envolver os responsáveis pela TI de cada uma das instituições no desenvolvimento do software. “Como há muitas diferenças na realidade e na demanda de cada uma das instituições, é importante que haja esse envolvimento. A gente entende que um sistema de informação é aderente ao modelo de gestão, espelha o que executam em cada instituição. A nós do MEC caberá o papel de mediar esse desenvolvimento e coordenar o cronograma. Nossa função é fazer com que hospitais que tenham demandas similares, encontrem soluções comuns. E como é em código aberto, a melhoria será contínua”, enfatiza. A solução escolhida para servir de referência ao projeto é a desenvolvida pelo Hospital das Clínicas de Porto Alegre, construído em arquitetura cliente/servidor, na plataforma Oracle Forms/Oracle 9i, e será transformada em uma versão em software livre, e os hospitais de Recife e de Curitiba também estão usados como modelos para as normas.
Diante de um ano eleitoral, a pressão por concluir o projeto até o final de 2010 é grande, mas depende do envolvimento de cada um dos hospitais. Pelo cronograma projetado, é possível concluir a parte de infraestrutura no primeiro semestre do ano. A primeira etapa do projeto, foi a realização de um diagnóstico da situação de cada uma das unidades. Foi elaborado um questionário sobre a estrutura de cada um dos hospitais, que foi encaminhado às instituições. Com as informações em mãos, o MEC dará início ao processo licitatório para a compra dos equipamentos necessários. “Faremos o processo para a compra de equipamentos de infraestrutura (rede, cabeamento, servidores, etc) centralizado, para ganharmos em escala. Compra de estações de trabalho, suítes e seleção de equipe será feito na ponta”, explica Takatsu.
A previsão de investimento para essa etapa de nivelamento tecnológico é de R$ 147 milhões. A conclusão de todo projeto deve consumir cerca de R$ 200 milhões. Por ser em código aberto, o custo estimado do desenvolvimento e implantação do software é de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões. “Isso torna a solução mais viável e, por ser desenvolvida em um modelo colaborativo, sempre será atualizada”, pontua o coordenador. Se fossem instalados um software de mercado, cujo preço varia de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões dependendo do tamanho do projeto, seria gasto um valor aproximado de R$ 90 milhões.
Com o projeto implantado, a ideia é não só melhorar a gestão dos hospitais, mas também, criar uma rede de informações relevantes no segmento, para que o MEC possa assim direcionar melhor os recursos destinados às instituições. Como se trata de um projeto do governo, a pergunta que fica é se ele sobreviverá às mudanças na gestão. “Por isso é importante o desenvolvimento da rede colaborativa. Dessa forma, o projeto funcionará sozinho”, conclui.
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